terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS. MAS POUCO...

A Demografia, a Sociologia, a Psicologia e a Política são difíceis de harmonizar. A colossal China é o laboratório onde é mais fácil verificar tal coisa. Nos anos 50 e 60, Mao Tsé Tung apelou aos chineses para se multiplicarem como coelhos, a fim de submergirem os Estados Unidos! Tal levou a explosão populacional, a caminho do insustentável. O sucessor de Mao, Deng Xiaoping, meteu travão a fundo e impôs a regra de um filho apenas por casal.
Mas nada é fácil nestas coisas e as características demográficas começaram a ameaçar com outro problema: o predomínio dos homens sobre as mulheres. Em 2006, por cada 100 mulheres nasceram 120,49 homens, passando o desequilíbrio a atenuar-se em 2005, com 119 para 100, sendo agora menor. De qualquer maneira, a população masculina, nascida desde 1980, excedeu a feminina em 38 milhões de almas.
A razão deste fenómeno demográfico tem a ver com dois factores. Primeiro, os chineses gostam de perpetuar a
família através de filhos varões. Depois, porque, com um sistema social muito débil nas áreas rurais, os filhos do sexo masculino dão mais garantias para a manutenção dos velhos.
A isto é preciso acrescentar que as ecografias para determinação pré-natal do sexo, embora não estejam previstas no sistema de saúde chinês, são feitas frequentemente; que a interrupção da gravidez é praticada com a maior amplitude, quase sem limitações; e que o infanticídio de recém-nascidos femininos não é raro e quase sempre impune.
Os ideólogos do Partido Comunista estão preocupados com o problema, susceptível de conduzir ao aumento excessivo de homens solteiros, factor que conduz ao crime e à instabilidade social nas áreas rurais. Pensam autorizar o nascimento de outro filho aos casais com uma filha, mas tal solução é limitada pela impossibilidade das famílias sustentarem os dois.

No grande laboratório demográfico que é a China, harmonizar as ciências do homem é complicado. Cada uma tropeça nos problemas criados pela outra.

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