sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A BOVINA PORTUGALIDADE


Esta manhã, pouco depois das 11 horas, publiquei um post intitulado - parafraseando Nicolau Breyner - "Que mais irá nos acontecer?"
Tenho pensado durante o dia nos factos relatados pelos jornais e ali transcritos, especialmente nas suspeitas lançadas sobre o Procurador Geral da República, que são gravíssimas. Recordo: “No dia 24 de Junho, o Procurador-geral da Republica foi informado pessoalmente das escutas. A partir desse dia, as conversas mudam de tom e há troca de telemóveis. Quem avisou os visados? Significa isto que o jornal insinua, para ser comedido, ter o PGR alertado pessoas envolvidas em actividades criminosas para o facto de estarem a ser investigadas por magistrados do seu próprio departamento.
É claro que, se o jornal tem provas ou fortes indícios disso, o caso brada aos céus. Mas, se não tem e planta uma coisa destas na primeira página, ainda brada mais. E, bradando mais ou menos, fica tudo na mesma. Nem sequer há escândalo mediático ou público. Todo o dia circulei pela cidade de Lisboa, em vários locais incluindo um restaurante, e não ouvi uma palavra sobre o assunto. E o Senhor PGR fica calado como um rato.
Os portugueses atingiram a forma superlativa de desprezo pela política e pela justiça – tudo com letra minúscula -, pelo modo como os seus agentes se comportam do ponto de vista ético, pelo espectáculo lamentável que dão quase diariamente, e não se incomodam. Chegaram ao estado de resignação total face à tragédia que são as instituições, os respectivos staffs, e os princípios, e aguardam bovinamente o escândalo que se segue. E, assim, Sócrates foi e voltará a ser eleito, Isaltino e Valentim também; o Senhor Presidente da República aguarda, com o rabo entre as pernas, as próximas eleições presidenciais; e Mário Soares, que tem fama de senador e paladino da democracia, comporta-se como um “jotinha” faccioso e politiqueiro, sem estatura política.
Receio que não haja razão para ter esperança.

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