quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O WORD DE ALI RA'IF EFENDI

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Este ijazah, ou diploma de capacitação em caligrafia árábe, foi escrito por Ali Ra'if Efendi, em 1791 (1206 AH). Os painéis superior e do meio contêm um provérbio (hadith) atribuído ao profeta Maomé. Lê-se: "A caridade sagrada aplaca a ira do Senhor./ O melhor de ti é o melhor para Sua família./ O melhor dos seguidores é Uways.'' Nos dois painéis mais baixos estão as aprovações assinadas e datadas de dois mestres caligrafos, Mustafa al-Halimi e Husayn Hamid. Cada seção da escrita aparece num pedaço separado de papel de cor diferente, iluminado com ouro e marcado com uma lâmina fina para reflexão. A função oficial do ijazah era a de dar ao estudante a autoridade de assinar os seus próprios trabalhos caligráficos com expressões como katabahu (escrito por) e hararahu (composto por) permitindo, assim, que ele se tornasse independente e tivesse seus próprios alunos. A fim de receber o diploma, o estudante tinha que transcrever ou copiar várias linhas de caligrafia, aprovadas por um ou mais mestres calígrafos. Em alguns casos, o ijazah incluia a rede de professores do calígrafo, traçando a linhagem até o próprio profeta Maomé.
A escrita árabe desenvolveu-se como meio artístico/caligráfico durante aproximadamente 1000 anos. Dos inícios humildes de um sistema de escrita destinado a registar dados comerciais e inscrições funerárias, evoluiu e floresceu como veículo de expressão artística com renome mundial.
Com a escrita do Alcorão e o início das ciências religiosas islâmicas, começou a tornar-se refinada. As formas iniciais, por exemplo Hijazi, não tinham nem sinais de marcação de vogais, nem marcadores para diferenciar letras com formas semelhantes. Logo após a Hijazi, vem a forma de escrita Kufic, desenvolvida no Iraque durante o século VIII da era actual, final do século II da era islâmica. A Kufic rapidamente desenvolveu marcadores para vogais e diferenciou letras de formato parecido criando, assim, os primeiros exemplos verdadeiramente belos da caligrafia do Alcorão.
A escrita Kufic seguiu caminhos de desenvolvimento divergentes em países islâmicos centrais e do Leste, por um lado, e ao norte da África, a Oeste, por outro. No Ocidente, a Kufic evoluiu para a escrita Maghribi usada na Espanha islâmica e no Norte da África, e deu origem às escritas locais oeste-africanas, comumente chamadas Sudani, as quais são usadas para escrever os idiomas árabe e africanos locais até hoje. Há muitos exemplos excelentes de caligrafia usando a escrita Maghribi, incluindo os Alcorães em formato grande, copiados durante os séculos XIV e XV da era actual.
Nas terras islâmicas centrais e orientais, durante o século XI da era actual, o Kufic foi subsitituído por seis formas importantes da escrita árabe: Naskh, Thuluth, Rayhanni, Muhaqqaq, Taliq e Riqah. Todas essas escritas são utilizadas nos dias de hoje. As quatro primeiras são mais utilizadas para copiar o Alcorão, enquanto que Taliq e Riqah raramente o são. A Musahif, a escrita do livro, deriva das quatro escritas alcorânicas e transformou-se na escrita mais comumente utilizada para copiar o Alcorão. A Riqah tornou-se a forma cursiva moderna da escrita árabe, quotidianamente utilizada nas terras islâmicas centrais.

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