sábado, 27 de fevereiro de 2010

RICARDO SÁ FERNANDES DIXIT


[...] (A questão mais importante no caso “escutas”) É obviamente a de saber se existem ou não indícios de que o sr. primeiro-ministro praticou um crime de atentado ao estado de direito. E eu não tenho opinião sobre essa matéria. Quero acreditar que não há indícios, até por razões pessoais, porque votei nele e tenho simpatia pessoal, mas neste momento como cidadão sinto-me numa situação muito desconfortável e devo dizer mesmo: se este assunto do primeiro-ministro não ficar esclarecido em termos que me convençam, eu não sou capaz de votar outra vez no engenheiro José Sócrates. [...]

[...] Eu acho que o primeiro-ministro e a sua entourage estão a lidar com isto da pior maneira possível, porque estão a esconder-se atrás do segredo de justiça, quando o problema não é de segredo de justiça. Por razões formais que existam, há uma razão substancial que passa por cima de todas essas, que é a do escrutínio público da decisão judiciária. Não há justiças secretas. Nós temos de conhecer os despachos e vamos conhecer. Se amanhã uma comissão de inquérito, que tem poderes próprios equivalentes às entidades de investigação judicial, disser ao procurador-geral para dar os despachos, ele vai-se recusar a dar? Não pode. Está à espera que chegue esse momento? O procurador-geral tem o poder, o direito e quanto a mim o dever de divulgar esses despachos e o primeiro-ministro tem a obrigação e o dever de esclarecer o que lá está. [...]
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Entrevista no jornal i

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