segunda-feira, 26 de julho de 2010

LITERATURA EM RELÂMPAGOS



[...] As nações são os órgãos deste grande todo, que se chama humanidade. Ora não há órgãos supérfluos, estéreis, a que não deva corresponder uma função.
Quando a sua missão expira ou a sua inutilidade é manifesta, a Providência sentenceia, encarnando na espada do conquistador. É assim que Veneza, a senhora dos mares, agoniza e desaparece, quando os modernos descobrimentos tornam mesquinha e obsoleta a actividade marítima e mercantil da república do Adriático. É assim que a aventurosa Cartago, última representante da civilização fenícia, empalidece e cai prostrada finalmente aos pés do povo vencedor, que é chamado a dilatar por mais remotas regiões a conquista e a civilização. É assim que as nações americanas caem, deixando apenas a memória dos seus nomes e o reflexo dos seus feitos. É assim que neste portentoso turbilhão, que se chama a História da humanidade, a cidade de hoje será a necrópole do dia seguinte, o monumento de hoje ministrará as pedras ao monumento de amanhã, a coluna gentílica será o pedestal da estátua de S. Pedro, e a pirâmide de Queops dará sombra ao mameluco e ao felá. [...]
.
Latino Coelho in “Fernão de Magalhães”
.

Sem comentários:

Enviar um comentário