domingo, 30 de setembro de 2012

CALHAUS COM E SEM OLHOS

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Não temos dúvidas que o homem tem consciência. Já aqui dissemos que os cães e outros animais têm formas elementares de consciência, com sentimentos como alegria, tristeza e dor. De pequenos animais, como os mosquitos, sabemos pouco ou nada. A nossa consciência, julgamos, está ligada ao cérebro e resultará de fenómenos bioquímicos em que participam moléculas iguais a muitas que existem nesses pequenos animais, e também nas plantas e mesmo nos minerais—para ser mais directo, nos calhaus.Chegados aqui, pergunta-se: a consciência resulta da organização particular dos cérebros, ou é parte integrante das partículas atómicas e subatómicas que o formam: protões, neutrões, electrões, quarks, leptões, etc.? É a pergunta estúpida? A mim parece-me um nadinha estúpida, mas falo dela porque há boa gente—muito boa gente—que acha isso. Quem? O Tozé? O Zezito? Não digo tanto! Mas, por exemplo, o filósofo americano Thomas Nagel, o filósofo autraliano David Chalmers, o físico de Oxford Roger Penrose, autor do célebre livro "Shadows of Mind", o filósofo britânico Galen Srawson e por aí fora. Chamam a isso Pampsiquismo, nome bem achado, acho eu.Então, segundo os pampsiquistas—se tal termo existe—a consciência surgiu com o Big Bang e anda por aí, em todo o lado: no pau, na pedra, no fim do caminho, no resto de toco, no caco de vidro, na Lua, no Sol, no anzol, no nó da madeira, no fim da ladeira e muito mais. Em boa verdade, andará no calhau com olhos e no calhau sem olhos que são iguais—têm os mesmos quarks, os mesmos leptões, os mesmo bosões; porque não consciência? O fotão pode ter proto-emoções, proto-crenças, proto-desejos; porque não? A verdade é que, como alguém disse, o Pampsiquismo é mais fácil de parodiar que refutar. O atrás referido David Chalmers diz que experiência é informação do interior e Física informação do exterior—e esta? O calhau, apesar de tudo, é um bocadinho diferente de nós—alguns de nós, bem entendido! O calhau propriamente dito não luta pela sobrevivência, ou pela reprodução, por exemplo. Poeticamente, diríamos que é um ser contemplativo. Eh, eh, eh...
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