quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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Porto de Halifax (1839)
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NEBULOSA DA TULIPA

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Na Constelação do Cisne, a 8.000 anos/luz da Terra, existe esta brilhante nebulosa chamada Nebulosa da Tulipa por razões que estão à vista. A estrela no meio da imagem—a HDE 227018—ioniza os átomos de enxofre, hidrogénio e oxigénio o que dá as cores  vermelha, verde e azul, respectivamente.

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JARDIM

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Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, 2006
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NIXON E O DUQUE DE ENGHIEN

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Como é  conhecido, em 1804 Napoleão mandou matar o duque de Enghien, aparentemente sem justificação, pondo as casas reais europeias contra ele e a França. Tal feito viria a ser comentado por alguém que terá dito ao general: "Pior do que um crime, foi um erro estúpido". É o tipo de frase que pode concorrer num campeonato de cinismo, de baixeza moral, de falta de humanidade, blá, blá, blá.
A verdade é que ninguém tem a certeza de quem a disse, nem sequer se foi dita de facto e não inventada. O mais provável é a última hipótese porque é atribuída a Talleyrand, ministro de Napoleão; a outro político, o conde de Boulay de la Meurthe, Antoine Jacques Claude Joseph; e também ao chefe da polícia Joseph Fouché. Procura-se colocá-la na boca de gente com perfil moral condizente com a natureza da saída.
Lembrei-me hoje dela quando lia um artigo sobre Nixon. Ali se diz que Nixon tinha uma "lista de inimigos", maioritariamente gente que se opunha à sua reeleição; e, de acordo com uma fita das gravações feitas na Casa Branca, durante uma reunião com os colaboradores, o Presidente, falando dum deles—parece que de Daniel Ellsberg—terá dito: "Podíamos matá-lo, mas isso seria errado".
Mais de 150 anos eram passados desde a condenação do duque de Enghien, Nixon seguramente conhecia a história, mas fugiu-lhe a boca para a verdade. Ou seja, a consciência do homem—Presidente do mais poderoso País do mundo—era a mesma de Talleyrand/ Claude Joseph/ Fouché. Preocupante. Muito preocupante!
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Em cima, a morte do duque de Enghien segundo Jean-Paul Larens
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SOL E CITAÇÃO


[...] O Partido Socialista sentirá uma enorme atrapalhação. Não pode deixar de se regozijar intimamente com a vinda da senhora Merkel. Não pode aceitar que haja perturbações da ordem pública nessa ocasião. Mas tem uma clientela oportunista que espera dele o contrário e quer o bloqueamento das hipóteses de entendimento entre o Governo e a visitante. Esse desconforto não é suprível com a retórica alambicada da Rua da Emenda e muito menos com os apelos inacreditáveis de algumas figuras historicamente ligadas ao PS, à subversão de tudo e mais alguma coisa. Em tempos de governação socialista abstiveram-se de o fazer, quando podiam e deviam ter feito ouvir a sua voz.
O PS não pode sacudir a água do capote, nem assobiar para o lado. Muito menos pode lavar as mãos quanto à situação que atravessamos. Tem de assumir uma responsabilidade histórica essencial: a de formar com o PSD e o CDS alguns consensos fundamentais, em vez de andar por aí a mandar bolas fora e a fazer de conta que não percebe o que se passa. Já lhe restam menos de duas semanas até à chegada da senhora Merkel.

Vasco Graça Moura in "Diário de Notícias"
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terça-feira, 30 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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"Morgenster" 
(em primeiro plano)
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DICIONÁRIO DO DIABO

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DIAFRAGMA s. m.—Estrutura muscular que separa as doenças do peito das doenças dos intestinos.

ALFRED SISLEY

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Alfred Sisley, pintor impressionista britânico com carreira feita em França, só foi reconhecido depois da morte, em 1899. Logo no ano seguinte, a sua obra L' Inondation à Port-Marly, hoje no Musée d'Orsay, foi vendida por quantia inesperada ao Conde Isaac de Camondo.  Pintava exclusivamente paisagens e falo nele porque nasceu neste dia, em 1839, e gosto muito dos seus quadros.  
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LInondation à Port-Marly (1876)

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Place à Argenteuil (1972)
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ORAÇÃO

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(30-10-2012)
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O DR. SOARES LEU UM LIVRO !

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O Dr. Mário Soares leu um livro, diz o próprio no "Diário de Notícias". É verdade! Tem 169 páginas—incluindo índices, gráficos e anexos estatísticos—e o Dr. Soares chegou ao último capítulo. Pelo menos, sabe o título desse capítulo, qual é "Uma nova política económica para a Europa".
O Dr. Soares gostou dessa parte e comenta: " É o que precisamos, para meter os mercados usurários na ordem e avançarmos para o crescimento económico, a diminuição acelerada do desemprego, num quadro europeu de coesão social". Esqueceu-se de dizer se no dito livro se fala da fábrica de notas, não dessas da música mas dos bancos centrais, que têm na mão a capacidade de resolver rapidamente a crise dando mais umas voltas à manivela da rotativa.
Congratulo-me por o Dr. Soares ter lido um livro até ao fim—com índices, gráficos e até anexos estatísticos!—mas tenho algum receio que o tenha feito como os leitores dos livros policiais que saltam as páginas para saber quem é o assassino. É que o título do derradeiro capítulo é demasiado tentador para o Dr. Soares resistir a não começar por fazer uma análise aprofundada—como são todas as suas análises—desse tema, esquecendo-se de ler o resto.
Ficámos também a saber que o dito livro lhe foi oferecido pelo Dr. António Pinto Ribeiro, com quem se encontrou num restaurante para almoçar, provavelmente bem. E também que o autor é Emanuel Augusto dos Santos, secretário de Estado no tempo do Zezito, que autorizou o pagamento de choruda indemnização pelo cancelamento da construção da linha Poceirão-Caia no último dia de exercício do finado governo do emigrante Zezito, mesmo sem autorização do Tribunal de Contas e depois do governo que vinha a seguir ter anunciado que queria renegociar o projecto. Tal e qual.
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FOTOGRAFIA, ARTE DIFÍCIL

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Todas as artes são complicadas. Mas a da fotografia exige preparação física especial!
(30-10-2012)
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QUEM ENTENDE?

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Renascença V+Ver todos os videos
"O país aguenta mais austeridade?... Ai aguenta, aguenta"

Rádio RenasceçaMais informação sobre este video
Os portugueses estão, claramente, em rotas várias e diferentes. Ou melhor dizendo, ninguém entende o que se deve, ou não deve, fazer. Melhor ainda, ninguém se entende, digo eu.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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"Elizabeth"
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UM ' ILLUMINATUS '

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Depois do empate em casa frente à Académica, o guarda-redes do Sporting disse uma frase para a História: 
"Somos os principais responsáveis por estarmos a 10 pontos do líder".
A pergunta é: como conseguiu ele chegar lá?
Antes de ler a notícia, estava convencido que o responsável era eu.
Muito se engana a gente!
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CANDEIA

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Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, 2006
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TARTARUGAS ATÉ AO FUNDO

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Uma das mais antigas preocupações do homem é a de saber como é o universo feito, como funciona, e qual a sua evolução futura. É complicado e, por isso, teorias bizarras—concebidas desde a antiguidade—ficaram registadas nos livros. Com o avanço do conhecimento científico, muitas delas não resistiram e são hoje consideradas como  manifestações de extrema ingenuidade, tratadas como coisas ridículas, mesmo sinais de pouco senso.
Tempos houve em que se dizia ser a Terra plana e assentar no dorso duma tartaruga, por sua vez repousando numa infinita cadeia de outras tartarugas que não careciam de nenhum suporte, pois se estendiam até "ao fundo". É caricato, não é? É verdade—completamente caricato porque não há notícia de alguém ter caído do bordo da Terra plana, a menos que seja o que aconteceu aos que se diz terem desaparecido no Triângulo das Bermudas.
Mas, pensando bem, também nunca ninguém viu uma corda a vibrar—não dessas dos instrumentos de música, mas das que se admite formarem as partículas subatómicas—e as mais ilustres personagens da Física actual falam delas com ar sério. Quantos anos serão necessários para os habitantes deste planeta se rirem da Teoria das Cordas e a compararem com a das tartarugas? Dada a evolução rápida da investigação científica actual, é possível que não sejam precisos muitos.
Na minha área profissional, no curto espaço duma carreira, tive oportunidade de comprovar o  fenómeno da queda em desuso de métodos vários e da arrumação na prateleira de teorias respeitáveis até então—na especialidade que pratiquei e na Medicina em geral. Não estão muito longe os dias em que se faziam injecções intramusculares de leite de vaca para tratar dermatoses, ou em que o tratamento das úlceras péptica era cirúrgico em grande número de casos.
Tudo muda, desde as teorias até ao próprio mundo. Por isso, o melhor é não nos tomarmos muito a sério e menos ainda à nossa inteligência e ciência. Às vezes até resolvemos problemas de que somos nós próprios a causa, ao contrário do que dizia Einstein. Aliás, Einstein também se enganava—não era como Cavaco de Boliqueime.

ARCADA

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Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, 2006
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A ALTERNATIVA

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O "Correio da Manhã" publica hoje, na página de opinião, uma peça da autoria de um senhor—provavelmente doutor porque é Tesoureiro do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público—de seu nome Joaquim Arrepia Ferreira, verdadeira obra de antologia, digna de figurar ao lado dos escritos de Baptista Bastos, se este não se sentir plagiado. É grande a ideia e a forma, mas pequena a extensão gráfica, pelo que se transcreve a seguir. O título é "Alternativas"

O querer a inevitabilidade da austeridade em aplicação, feita maná da sobrevivência, é coroar o país de injustiça, consagrar a iniquidade e a incoerência, desestruturar a sociedade como subjugar na penúria o povo luso para gáudio e proveito de nababos, negreiros, onzenários e afins.
Os cidadãos não são os responsáveis das fissuras tidas por causas da dor que se propaga. Não têm mais culpa que os demais cidadãos das anomalias vindas de São Bento, das complacências de Belém e dos avais de Bruxelas. O poder que isto posterga despedaça a Pátria, enxovalhando-lhe a alma já em coma, como empurra para o precipício do desespero e do desterro. O Estado só sendo justo é digno. Para tanto, tem de perceber os erros e emendá-los. Se o não faz, a sociedade enraivece. Uma sociedade assim apaga a luz do futuro, prolonga a agonia do presente e acaba por lembrar à Europa tempos idos causadores de descontrolados males para todos. Enquanto é tempo, abracem-se alternativas, que necessariamente tem de haver.

Uma alternativa sugiro ao jornal: publique diariamente uma peça deste senhor para alegrar a desgraça  dos portugueses, vítimas da dor que se propaga, com a alma enxovalhada e já em coma, empurrados para o precipício do desespero e do desterro.  Só assim, penso eu, a sociedade se não enraivece, liga o interruptor da luz do futuro e acaba com a agonia do presente. Mas tem que ser enquanto é tempo, atenção a isso.
Somos um País de crânios! Com acesso aos jornais!
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SOL E CITAÇÃO




[...] A discordância é saudável e o debate democrático. Mas quando as coisas serenarem, será difícil entender como pessoas responsáveis sugeriram revoluções violentas, assassinatos políticos ou que o Orçamento nos mata a todos. É tão fácil dizer mal. Difícil mesmo é fazer bem.

João César das Neves in "Diário de Notícias"
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domingo, 28 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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"Windy"
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O RELVAS PIM

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A montanha

Falando das alterações recentes no Governo, Marcelo Rebelo de Sousa diz que saiu um rato, em vez duma montanha. E porque não saiu a montanha que Marcelo esperava? Porque tal montanha, segundo percebo, seria o Relvas e o Relvas não saiu.  
Não concordo, por duas razões. A primeira é porque chamar montanha ao Relvas é um elogio que o homem não merece. O Relvas, na melhor das hipóteses, é uma montanha de vazio; não mais que isso. Em alternativa, é um pico dessa montanha de compadrio que mina a Pátria chamada Maçonaria. Mas não: o Relvas é apenas PIM! Mais nada.
A segunda é porque o Relvas não pode sair pela concreta e precisa razão de que é a ponta de lança no Governo da rapaziada do avental—tal e qual. O Relvas está de pedra e cal.
O Relvas PIM só acaba quando o Governo acabar. E este Governo, mais o Relvas do avental, tal e qual, e de pedra e cal vai acabar mal. Fatal!
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LAWRENCE ALMA TADEMA

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Primavera (1894)
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DIREITO DE MORRER

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O suicídio medicamente assistido de doentes com doenças incuráveis e em estados terminais é matéria controversa há muito. É legal nalguns estados dos Estados Unidos e em países da Europa, nomeadamente na Holanda há mais de 30 anos. O "The New York Times", a dias de mais um referendo sobre a matéria, em Massachusets, publica hoje um artigo intitulado "Quatro mitos sobre o suicídio medicamente assistido". E tais mitos são:
A principal razão da vontade de morrer dos doentes é a dor. As estatísticas mostram que não e que a maior parte deles querem suicidar-se porque estão com depressão.
O segundo mito é que o progresso nos meios de suporte de vida da Medicina a prolonga até ao limite do insensato e os doentes querem fugir a isso. A verdade é que a eutanásia é uma prática que já vem do tempo da antiga Grécia, quando não existiam os recursos de suporte da vida actuais.
O terceiro é o de que há muita procura, para usar uma expressão infeliz mas clara. Não é verdade. Nos Estados Unidos é solicitada por cerca de 0,2% dos doentes terminais e, na Holanda com três décadas de tradição, a percentagem não vai além dos 10%.
O quarto é que permite uma morte "santa", o que não acontece muitas vezes. Porque tem de ser o doente a tomar os medicamentos letais—é suicídio e não eutanásia—eles são  administrados em formas orais. Os vómitos são frequentes—em 7% dos casos num estudo holandês—e 15% dos doentes podem esperar horas  e dias para morrer. Na Holanda, em 18% dos casos, foi necessária a intervenção do médico para acabar com a vida dos moribundos. Mas nalguns países essa intervenção do médico é interdita, o que pode transformar o suicídio num calvário.
Para melhor esclarecimento, se conseguirem sem assinatura, o melhor é ler o artigo completo aqui
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O SÓCRATES DE ALOPECE E O SÓCRATES DE ALIJÓ

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(A respeito do livro do Presidente da Câmara de Matosinhos, com prefácio do grande filósofo político e estadista Zezito)

[...] Por sua vez, o autor do livrinho aproveitou a cerimónia de apresentação do mesmo para chamar ao "eng." Sócrates "um exemplo de determinação, que tentou algo de positivo para impulsionar o país". Não ignoro ser de bom-tom encerrar cada texto com um comentário, a título de moral da história. Mas esta história não tem moral nenhuma.

Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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SUE WILLIAMS

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Let me Fix my Earing First, 1997
Museu Berardo (04-10-2012)
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NÃO FAÇAS AOS OUTROS . . .

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A geoengenharia utiliza conhecimentos científicos ao serviço da tecnologia para estudar e manipular características do planeta, no bom e no mau sentido. Por exemplo, se o aquecimento global resulta da combustão industrial em grande escala de combustíveis fósseis, com aumento do dióxido de carbono na atmosfera, estamos em presença dum fenómeno de geoengenharia mau, colateral e de evitar. Mas tal tipo de fenómeno inspira gente no sentido de tomar medidas do mesmo tipo para melhorar o ambiente. E aqui é que começam a surgir dúvidas sobre a legitimidade de, no estado actual do conhecimento, metermos mãos à obra em tarefas com consequências a longo prazo e horizonte não esclarecidos.
Há semanas, um empresário americano chamado Russ George, teve a iniciativa de alugar um navio de pesca e lançar 120 toneladas de ferro em pó nas águas das ilhas de Haida Gwaii, ao largo do Canadá. A ideia é de o ferro aumentar muito o plâncton marinho, animal e vegetal, o qual fixa dióxido de carbono—em última análise vindo do ar—dióxido que é sepultado no fundo do mar com a morte desses seres vivos. É uma técnica teórica falada e respigada, cujas consequências a longo prazo não se conhecem.
Bill Gates tem uma empresa—"Intellectual Ventures"—a desenvolver uma mangueira, com cerca de 30 km de comprimento, para suspender em balões de hélio e injectar partículas de dióxido de enxofre no céu, capazes de diminuírem a intensidade da radiação solar e reduzir a força dos furacões, à semelhança do que fazem as erupções vulcânicas. E há quem estude técnicas de "branquear" as nuvens para aumentar a reflexão da radiação do Sol e arrefecer a Terra. Tudo coisas esquisitas e, pior que esquisitas, potencialmente perigosas.
A natureza não dá nada de graça e há a possibilidade de aquilo que se melhora eventualmente num lugar ser acompanhado de consequências deletérias noutros pontos do globo, nomeadamente no regime de monções na Ásia e África, com secas devastadoras e por aí fora.
Conhecemos o bicho homem e sabemos como os grandes interesses económicos conseguem passar por cima dos interesses dos "outros". E não seria surpresa que uns tratassem de melhorar a vidinha deles com estas técnicas, à custa da desgraça alheia. O homem do Restelo não está sempre errado—quanto mais avançamos na tecnologia, mais ele vai tendo razão. Infelizmente.
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sábado, 27 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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Porto de Nova Iorque, 1883
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DICIONÁRIO DO DIABO

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AMANHECER s. m.Tempo a que os homens sensatos vão para a cama. Alguns mais velhos preferem levantar-se àquela hora, tomar um banho frio, fazer longas caminhadas com o estômago vazio, e outras coisas assim para mortificar a carne. Atribuem a tais práticas, com orgulho, a saúde e a longevidade. A verdade é que são robustos e com idade avançada, não por causa de tais hábitos, mas apesar delessó encontramos pessoas fortes a fazê-lo porque todos os que não eram fortes morreram por tentar.

JOÃO CUTILEIRO

(Colaboração de J. Castro Brito)
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NÃO APRENDEM ! PORQUE SERÁ ?

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Quando José Dias Ferreira, bisavô de Manuela (Dias) Ferreira Leite, chegou a chefe do Governo em 1892, encontrou um país de "tanga", por força dos elevados investimentos nas ferrovias, em estradas e em portos.
A dívida pública representava 81% do PIB e o défice orçamental era de 2%.
Juntamente com o Ministro da Fazenda—Oliveira Martins, tio-bisavô do actual presidente do Tribunal de Contas—, tomou medidas drásticas: 1) Subida de impostos; 2) Corte até 20% dos vencimentos dos funcionários públicos; 3) Suspensão de admissões no Estado; 4) Paragem das grandes obras; 5) Saída do padrão-ouro e desvalorização cambial.
Dada a situação de bancarrota verificada, durante dez anos, não foi possível recorrer a empréstimos no estrangeiro.
O desenvolvimento das infra-estruturas no "fontismo" baseou-se num modelo que se pode considerar como a génese das parcerias público-privadas: eram concessões dadas a particulares que, muitas vezes, garantiam um determinado rendimento ao investimento e, se este ficasse abaixo desta garantia, havia compensação do Estado.
Em 1892 o Rei D. Carlos doou 20% (!) da sua dotação anual (ver notícia abaixo) para ajudar o Estado e o País a sair da crise criada pelo rotativismo dos partidos (nada de novo, portanto). Se calhar foi por isso que, mais tarde, o mataram...
Não se pode consentir que alguém dê, num país onde é costume tirar! O melhor, se calhar, é ter cuidado...


Miguel Teixeira Melo

(Colaboração de J. Castro Brito)
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CONTENTORES

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Barcelona, 2007
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AS DEZ DIMENSÕES

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Ouvimos falar de três dimensões no espaço e uma no tempo. Pensamos viver num mundo aparentemente tetra-dimensional, o que parece evidente. Mas dizem-nos que há mais dimensões, particularmente os cultores da Teoria das Cordas. E onde estão tais dimensões? Porque não nos apercebemos delas? 
Uma possível explicação é que são tão pequenas que não conseguimos enxergá-las. Coisa de um milhão de milhões de milhões de milhões de milhões de avos de um metro—muito pequenas de facto.
Sirvamo-nos dum exemplo. Pensemos numa palha—vista ao perto, tem claramente três dimensões: com forma grosseiramente cilíndrica, há o comprimento, a largura e a altura. Mas vista de bastante longe, a altura e a largura esbatem-se e parece-nos só ter uma dimensão, o comprimento. A desproporção entre este e a largura e a altura minimizam tanto estas que nem as percebemos. A essa distância, para definir um lugar na palha, basta uma referência no comprimento.Tal pode acontecer com as dimensões que dizem existir e não vemos. 
Os teóricos das cordas dizem que, numa escala muito pequena, há dez dimensões altamente curvas. Não vemos! Acreditamos? Há quem acredite e quem não acredite. Por enquanto, a Teoria das Cordas é mesmo só isso—uma teoria.
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WAITERS AND WAITRESSES

Londres, 2005)
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MANDEM A ASAE

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"Não tenho receio de nada", respondeu Miguel Relvas aos jornalistas quando questionado sobre a hipótese de perder a sua licenciatura. "Estou de consciência tranquila", afirmou o ministro. Isto lê-se hoje no DN.
Lê-se também que o certificado de licenciatura de Miguel Relvas inclui três cadeiras que não existiam quando esteve matriculado na universidade, em 2006/07—só começaram a ser lecionadas um ano depois do actual ministro ter saído da instituição.
Aqui—neste modesto espaço—digo eu agora que Relvas é um caso académico surreal porque real não é. Em minha opinião, Relvas não tem culpa, embora se afigure com perfil para pedir tudo aquilo. A culpa é da instituição auto-intitulada de universidade—também lusófona—de que haverá por aí mais exemplos, que abastardam o ensino superior e desacreditam quem tem rigor e mérito.
As universidades privadas reproduziram-se como cogumelos em tempo de chuva e aí estão algumas para dar canudos a troco de patacos. São importantes conquistas da Revolução dos Cravos, com competência para "encartar" os meninos das "jotas". Mas, valha-me Deus, não há ninguém que as fiscalize?  Mandem lá a ASAE, polícia adequada à matéria porque aquilo mais parece a Feira da Ladra. 
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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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Strange Seas (George Willoughby Maynard)
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BANHADA — AZIA OU PIROSE

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VENEZA

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.Praça de S. Marcos
(2008)
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PORQUE SER CARIDOSO ?

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Diz quem é cínico que caridade, bem-fazer e filantropia são formas de egoísmo mascaradas de virtude. É forte esta! Segundo tais pensadores, são formas contrárias ao darwinismo porque, pela lógica da selecção natural, toda a tendência para comportamento desinteressado é prejudicial à luta pela sobrevivência.
Em boa verdade, as coisas podem não ser tão simples porque ajudar membros da mesma espécie—neste caso o Homo sapiens—contribui para a sua conservação e propagação. É uma forma de darwinismo colectivo, acima da perspectiva individual, a selecção natural do grupo. Ao que se pode juntar o que se chama altruísmo recíproco—"coça-me as costas, que eu coço-te as tuas". Os morcegos vampiros regurgitam o sangue que beberam para o repartir com os outros, menos felizes na procura de alimento.
Mas há uma terceira hipótese para explicar o altruísmo em termos da selecção: a reputação de generosidade melhora a imagem, é potencialmente útil no futuro, que é incerto para todos,  e pode ajudar a esquecer actos menos limpos do passado—é própria dos detentores de bens obtidos por meios menos lícitos que compram o bom nome com a filantropia. Muitas anedotas sobre grandes filantropos passam-se ou situam-nos frequentemente no Inferno depois de mortos.
Por último, fica a razão cultural. Neste aspecto pesarão muito  as convicções religiosas e até filosóficas. Para dizer a verdade, acho que a caridade ou a filantropia têm muito a ver com a cultura e pouco com a biologia ou selecção. Como ser consciente, o homem tem frequentemente comportamentos contra o instinto—isso o distingue dos outros seres vivos.
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NÃO INVENTEI NADA

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Está no YouTube para quem quer ver!
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(Colaboração de J. Castro Brito)
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ALPHONS MUCHA

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ISTO É JORNALISMO

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Não tenho—nem queria terprocuração para defender Passos Coelho que, não dando uma para a caixa, me parece—por enquanto—pessoa de não se meter em porcarias. Mas olhem para o título em cima, da homepage da "SAPO" esta manhã, e para o título e notícia do jornal "SOL" em baixo. O que vem depois diz exclusivamente respeito a José Maria Ricciardi e não a Coelho. É séria esta gente que escreve assim nos media? Não é. Claramente.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OS GRANDES VELEIROS

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Morning Glory
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SPLIT

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Croácia (2008)
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DICIONÁRIO DO DIABO

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CONFORTO s. m.Estado de alma produzido pela contemplação do mal-estar do vizinho.

FRANCIS GRUBER

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Atelier (1946)
Museu Berardo
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