domingo, 25 de novembro de 2012

NÃO HÁ-DE SER NADA

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Falávamos mais abaixo da idade do universo—da sua origem ou eternidade e por aí fora—e de que, tal como o conhecemos, terá tido início há 13,7 mil milhões de anos. Portanto, antes era o nada, concluímos nós, mas possivelmente concluímos mal. O nada existe? Existiu alguma vez? Ou é construção da nossa imaginação e nem sabemos muito bem o que é?
Eu não percebo o nada e estou em muito boa companhia nesta ignorância. Por influência cultural—filosófica e religiosa—convencionou-se que o nada é o estado natural e normal e a existência o estado que quebra a normalidade e tem de ser explicado. Mas nenhum facto permite afirmar que o contrário é falso, ou seja, o normal é a existência e o anómalo é o nada, fruto da nossa inteligência ou falta dela.
Estamos agarrados à ideia da origem da existência a partir do nada, reforçada pela teoria do Big-Bang. Mas o problema é que antes implica tempo e antes de Big-Bang não havia tempo—não há antes antes do Big-Bang, se me é permitida a confusão sintáctica, porque no nada não há tempo por definição. E sem antes não podia haver nada, o que também é confuso. Provavelmente, a percepção limitada das dimensões do universo nunca nos permitirá compreender nem o nada, nem a existência, o que é supinamente frustrante, convenhamos. É a vida!
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