quinta-feira, 25 de abril de 2013

O CONFORTO NA IGNORÂNCIA

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O homem deixa de ser iniciado em qualquer ciência e passa a ser mestre quando aprende que vai ser um iniciado toda vida. Isto disse Robin Collingwood, filósofo inglês falecido em 1943, e disse bem. Conhecimento é coisa relativa―maior ou menor que uma bitola, mas sempre pequeno.
A noção da dimensão exígua do saber humano, ironicamente, vai sendo mais evidente com o crescimento deste. Sócrates terá sido o pioneiro de tal ponto de vista ao dizer que o seu conhecimento se esgotava no saber que sabia nada. Sócrates era um sábio, dentro dos parâmetros da época, mas ignorava o que aí vinha―coisas como a relatividade, o Big-Bang, a Mecânica Quântica, a Teoria das Cordas e por aí fora, para referir apenas algumas das mais recentes.
A pergunta é: estaria Sócrates mais convicto de que sabia alguma coisa se soubesse que a matéria prima de tudo serão pequenas cordas vibráteis de energia, todas iguais, apenas com padrões vibratórios diferentes?
Não estava. Ninguém está. Em boa verdade, como dizia Collingwood por outras palavras, quanto mais se escava, maior é o buraco e mais escuro fica. Suspeito que nunca se chegará ao fundo do dito buraco e, ao contrário do que pensa Hawking, ontem aqui citado, restará sempre espaço para a Filosofia.
Não estou a afirmar que alguma vez sejamos esclarecidos pela Filosofia sobre matéria substantiva do universo, da religião, do que é ser homem, ou do que quer que seja desse tipo. A Filosofia, quando não é um simples jogo de palavras, ou um conjunto de abstracções discutíveis, se não mesmo impenetráveis, é um excelente exercício mental com forte conteúdo estético. Não esclarece, mas ajuda a posicionar-nos no mundo: talvez a vivermos confortáveis com o que não sabemos. Acho isso!
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