sexta-feira, 31 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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"Royal Clipper"

O maior veleiro do mundo, navio de cruzeiros de luxo, e o
 "Star Clipper"da mesma companhia, em segundo plano.

(Com colaboração de Malema)
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GOLPE DE ASA

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Lisboa, 16-05-2013
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UMA HISTÓRIA BRASILEIRA - COMPLEMENTO

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A "The National Academies Press", publicou recentemente um livro com as conclusões dum encontro sobre a informação digital nos dias de hoje e suas consequências no comportamento humano—cognitivo, afectivo, social e por aí fora: " The Informed Brain in a Digital World".
Numa das secções discutiu-se a diferença entre o chamados "nativos digitais" e "imigrantes digitais" para distinguir os nascidos na era digital dos que entraram nela já na juventude, ou idade adulta.
Surpreendentemente, ao contrário do esperado, os especialistas participantes depressa declararam que o tópico era irrelevante porque a técnica muda tão rapidamente que o"nativo" de hoje pode ser "imigrante" amanhã, assistindo-se ao fenómeno com frequência. Com o aparecimento em cena de computadores cada vez mais sofisticados, tablets, smartphones e toda essa parafernália, melhor chamada cangalhada, são poucos os que, a partir de certa idade, se não rendem e desistem de acompanhar o "progresso". Em boa verdade, parte desse "progresso" consiste apenas em mudanças técnicas  irrelevantes, muitas vezes "inventadas" como instrumento de marketing.
O problema é que, a quem se deixa dominar pelo conforto do imobilismo, chega o dia em que vê o seu mundo sumir-se por falta de capacidade de aceder à Net, de redigir textos num processador dos ditos, de criar aquela bonita apresentação do PowerPoint,  etc. e tal.
É chato, mas vale a pena o esforço para não ficar como a personagem duma história brasileira que publiquei em tempos e deve ler aqui, se ainda o não fez.
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O RIO DA MINHA ALDEIA

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O DILEMA DE EUTÍFRON

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Platão conta que Sócrates—o genuíno—discutia com um jovem chamado Eutífron sobre a piedade e estavam de acordo em que esta era amada pelos deuses. Mas Sócrates embaraçou o rapaz quando levantou a seguinte questão: são as pias acções pias porque são amadas pelos deuses, ou são amadas pelos deuses porque são pias?
Esta passagem, conhecida por dilema de Eutífron, entronca noutra questão, mais geral. Para milhões de pessoas, actos são bons ou maus em função da vontade de Deus, árbitro ético absoluto: é bom porque Deus gosta; é mau porque Deus não gosta. É a teoria do comando divino. Face a tal posição, pergunta-se se há padrão ético na ausência de Deus e aqui começa o problema expresso no dilema de Eutífron.
Como sempre em Filosofia, há gente a eructar bitaites que fazem carreira. Um tal Alfred Ayer declarou para a posteridade, em 1968, que nenhuma moralidade é baseada em autoridade, mesmo sendo ela divina. Apesar de se poder perguntar-lhe se a afirmação é baseada na autoridade dele, é capaz de ter razão. Embora configurando a natureza de palpite, há alguma convicção que o homem tem, instintivamente e em geral, um código de valorização da conduta.
Mas a  conduta tem duas vertentes: a que diz respeito à relação com o semelhante, contemplada, em linhas gerais, na Declaração Universal dos Direitos do Homem; e a que respeita ao foro íntimo do cidadão. A primeira não é polémica porque interessa à defesa do interesse das unidades constituintes da sociedade e chega-se lá pela inteligência. Mas a segunda é discutível porque pode envolver matéria que, na ausência do referido comando divino, é de valorização relativa ou, como diria o poeta Píndaro—que não tive o prazer de conhecer—o costume é rei de tudo. E o costume é traiçoeiro, como já se verificou com a escravatura, a pena de morte e por aí fora, para não falar de coisas como o aborto, a eutanásia, a investigação das células estaminais, a adopção por casais homossexuais, blá, blá, blá.
Muito complicado, diria o Conselheiro Acácio. E digo eu também!!!
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GRÂNDOLA VILA MORENA

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A esquerda reuniu-se ontem para gritar, muito justamente, contra a austeridade asinina do Governo. Só que a esquerda presente era a esquerda" baixa", sem o líder do PS nem do PCP, porque nem um nem outro  estará disponível para aturar a frustração do Dr. Soares, ignorado nas chamadas à amotinação politiqueira, em tentativa de reviver os saudosos anos de apelos inflamados na Fonte Luminosa para afastar os comunistas do poder, onde os tinha colocado. Parafraseando, insensatez e água benta, cada um toma a que quer e o "senador" toma bastante da primeira e não aprende nada com as burrices.
Qual é a ideia? Derrubar o Governo tout court e depois logo se vê? Ou derrubar e substituí-lo por uma coligação PS/PCP/BE? Em minha modestíssima opinião, o Dr. Soares já aplicou uma vez tal receita—chamava-se PREC—e o resultado foi o que se viu.
Por isso, lanço um apelo ao "pai" da Terceira República: domine-se, tenha calma, deixe esses impulsos infantilmente autoritários e, sobretudo, não saia à noite porque o ar é muito forte a essa hora e pode precipitar algum achaque complicado na sua idade.
Saudinha é o que lhe desejo.
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ERA A DÉCIMA HORA EM LISBOA

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23-05-2013
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PALUWEH

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Fotografia extraordinária, feita por um satélite de observação da Terra da NASA, do jacto de cinzas emitido pelo vulcão Paluweh, no mar das Flores, Indonésia. O vulcão nasce no fundo do mar, a cerca de 3.000 metros de profundidade, e aflora à superfície sob a forma de uma pequena ilha circular, com o mesmo nome e 8 km de diâmetro.

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quinta-feira, 30 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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 "Mars"

Também conhecido por "Makalös", era o principal navio da frota de guerra sueca no tempo do rei Eric XIV. Com 48 m de comprimento e equipado com 107 canhões, foi construído entre 1563 e 1564. Aparece hoje aqui porque foi afundado neste dia (30-05-2013), entre as ilhas suecas de Öland e Gotland, há 449 anos, durante a Guerra Nórdica dos Sete Anos.
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ABORTOS ASTRONÓMICOS

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Repito-me, mas tal é próprio dos velhos—há pior, verbi gratia o Dr. Soares! Mas queria eu dizer, e isso é que interessa, as estrelas, quando morrem por esgotamento do hidrogénio, arrefecem, o núcleo colapsa pelo efeito da força da gravidade, a "casca" é expulsa em grande velocidade para o espaço, o show é deslumbrante e chama-se supernova que, afinal, é supervelha mas não interessa isso agora.  A pressão dentro do núcleo colapsado é medonha, pior que no Metro em hora de ponta, os electrões dos átomos são empurrados para dentro do núcleo, fundem-se com os protões e formam neutrões. Chama-se à cangalhada assim fabricada uma estrela de neutrões, prontes.
Tais estrelas têm movimento de rotação como a Terra, mas um nadinha mais rápido: podem girar à velocidade de  43.000 voltas por minuto, o que faz os dias passarem depressa—nem dá tempo para lavar os dentes! Algumas têm campos magnéticos fortíssimos, mil biliões de vezes mais forte que o da Terra—é obra! Quando são assim, chamam-se estrelas magnéticas, ou magnetares.
A pressão muito elevada no interior "mete" muita massa num pequeno volume. A gravidade é tanto maior quanto maior for a massa e menor o volume que ocupa. Nestas estrelas pode existir massa equivalente a 500 mil vezes a da Terra numa esfera com 20 km de diâmetro, menos que a distância de Lisboa a Cascais. O resultado é que uma colher de chá pesa ali, comparando com o nosso planeta,  cerca de mil milhões de toneladas. Imaginem quem consegue mexer o café!
Pois a fotografia aí em cima é dum aborto desses. É uma estrela de neutrões, magnética, que está na Constelação da Cassiopeia, a 10.000 anos/luz de nós—espero que lá continue—e se chama 1E 2259+586. Eh...Eh...Eh...: tem o nome que merece! Imagine o leitor que se chamava—o leitor, claro!—3G 4726+694, ou 7P 3742+888. Se fosse uma leitora, chamar-se-ia 9H 6439+875 F, para se saber que é do sexo feminino.
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A FLIBUSTEIRA

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Lisboa, 28-05-2013
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UM MARCO NA HISTÓRIA DE PORTUGAL

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"O Dolicocéfalo" acaba de completar 200.000 visualizações de páginas, como se comprova no contador do Google, no início e à direita. Não é muito, nem é pouco. O poeta Píndaro, que não tive o prazer de conhecer, diria: todas as coisas são  relativas; ou:  o costume é rei de tudo, pensamento que gostava de ter tido antes do poeta Píndaro—não tive o prazer de conhecer, recordo.
Reconheço ser precisa muita pachorra para aceder a este blog, cheio de barcos e barquinhos, vapores  e veleiros, cacilheiros e quadrilheiros, trampolineiros, aventureiros, físicos quânticos e filósofos, nomeadamente o poeta Píndaro (infelizmente, não conheci).
Espero, daqui a um ano, ter mais visualizações de páginas, por razões óbvias—porque não terei ainda regressado à condição pó de estrela. Quando tal suceder—cruzes canhoto!—deixo o blog em testamento a Vítor Gaspar para ele se entreter nas horas mortas, depois de acertar o Orçamento do Estado a que chegámos.
Haja Deus e obrigado pela companhia!
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TASCA DO GORDO

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Bonitos meninos! 
Comeram a papinha toda!...

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...eh...eh...eh...
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'ROBERTOS' GIGANTES


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Padrão dos Descobrimentos, 28-05-2013
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UM PAVÃO REAL

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Para maior ser a desgraça na Lusitânia, Mário Soares exige a demissão do Governo todos os dias, mais do que uma vez por dia, o que tira força aos que, muito legitimamente, pedem a mesma coisa. Cada vez que ouço o homem, tenho dificuldade em conter alguma solidariedade com Passos Coelho e Gaspar. Por qué no se calla el hombre? Cada vez que abre a boca, lança mais uma escora para perpetuar o executivo. É da sua natureza ser assim, como o escorpião.
Mário Soares não tem qualquer autoridade para falar. É um fóssil da Primeira República que ouvi um dia dizer não ter Aquilino Ribeiro culpas no regicídio porque não tinha sido ele a puxar o gatilho. Para conhecer a personalidade do politiqueiro enviesado e rasteiro que é, nada como ler o livro de Rui Mateus, magicamente desaparecido das livrarias e nunca mais editado, em nome da liberdade de expressão. Por exemplo, lá se lêem sobre Soares coisas assim, a páginas 122 e seguintes:

[...] Com algumas excepções, as suas escolhas para formar o I Governo seriam verdadeiramente desastrosas e aquele governo, no seu conjunto, nunca chegaria a ter uma esperança de popularidade. Sempre obcecado com o poder, aquilo que ele, efectivamente, nunca «descentralizará», começa então a pôr à prova a sua própria receita.
Assegura o controlo pessoal das finanças do partido através do seu cunhado, que tem ordens absolutas de não permitir o acesso a pessoas estranhas ao serviço. O que equivale a dizer que ninguém na direcção do partido tinha acesso àquele pelouro, dirigido, simbolicamente, no Secretariado Nacional, pelo fundador e fiel amigo Joaquim Castanho de Menezes. E, de um modo geral, divide para reinar, promove poderes paralelos entre dirigentes partidários e ministros. Desconfiado como é, entrincheira-se num 'bunker' de intrigas e de contra-informação na sua residência, que transforma num santuário de bajulação dos seus «fiéis». Despromove e demite todos os que se atrevam a dar muito nas vistas ou que acabem por ser imolados naquelas intermináveis sessões de esconjuração, fazendo depois circular razões de incompetência, ambição desmedida ou, até, megalomania para justificar os seus actos! Zenha seria uma das primeiras vítimas desta política. Os avisos «de amigo» da corte de bajuladores de que ele aspirava à chefia do partido e do governo, que Maria Barroso atribuiria à 'ambição desmedida da Maria Irene', conduziriam à circulação de boatos de que Zenha quereria ele próprio a pasta das Finanças, razão pela qual se teria oposto a Vítor Constâncio. E embora ele próprio reconhecesse ser um «zero» na matéria, faria constar que o Francisco Zenha de finanças nada percebia, embora tivesse sido, pesem as condições existentes em 1975, um excelente ministro das Finanças no VI Governo Provisório.
Outros históricos, que o acompanharam nas horas de amargura, se lhe seguiriam. A Manuel Tito de Morais foi dada a pasta de secretário de Estado da População e Emprego. Não porque Tito representasse qualquer ameaça à liderança, mas porque a segunda mulher do Tito de Morais, a Maria Emília, não era bem aceite na «corte» e ambas as famílias, a Barroso-Soares e a Tito de Morais, se gladiavam pela ocupação de lugares no aparelho do partido.[...] 

Blá, blá, blá—um trampolineiro alarve e incorrigível a pavonear-se com cauda de herói nacional.
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quarta-feira, 29 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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Navegar no Cabo Horn
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CASCAIS

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Da Praia do Tamariz, no Estoril (25-05-2013)
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'ALUMEIA' A RUA ABAIXO

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.Estoril, 25-05-2013 .
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ANTIGA MAS MUITO BOA

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DE ANANASES !

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A cena passa-se no vigésimo oitavo dia do mês de Maio, do Anno Domini 2013, em Lisboa.
Não era na Sibéria, nem em Punta Arenas!
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O MITO DE SÍSIFO

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No ensaio "O Mito de Sísifo", Camus escreve esta coisa:

[...] Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da Filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, aparece em seguida. São jogos. É preciso, antes de tudo, responder. [...]

 E mais adiante:

[...] Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade desse mundo quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em certo sentido, ele fez bem. Essa verdade não valia a fogueira. Se é a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que, paradoxalmente, se fazem matar pelas ideias ou as ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão para morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. [...]

Camus acreditava, segundo se deduz, que a última questão do homem é o significado da vida e só se chega à resposta pela experiência interior.  A observação do cosmos será enganadora, sobretudo uma perda de tempo—"um problema fútil", dizia.
Muitos físicos modernos, também filósofos inspirados, consideram só ser a realidade humana apreendida—se alguma vez o for—quando enquadrada na compreensão da arena cósmica. A posição de Camus é um pouco a do observador do umbigo, típica dos filósofos clássicos. A Mecânica Quântica e a Cosmologia abrem cada vez mais a janela de onde vemos o mundo  e o nosso desempenho nesse cenário. Creio bem ser o caminho certo.
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TURISMO DE QUALIDADE

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Lisboa, 28-05-2013
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É PAU, É PEDRA, É O FIM DO CAMINHO . . .

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Existimos porque uma série de factos inexplicavelmente concorrentes isso permitiram e permitem. Se o ritmo de fusão de protões dos núcleos de hidrogénio fosse mais célere no Sol, este ter-se-ia extinto antes da vida surgir na Terra e, consequentemente, não haveria vida inteligente—nem burra, quanto mais inteligente! Se o ritmo fosse mais lento, a produção de energia no Sol—e portanto a que chega à Terra—seria insuficiente para a ocorrência dos fenómenos bioquímicos que conduziram ao aparecimento de seres vivos. Se os protões—as sementes do hidrogénio formadas a seguir ao Big-Bang—não fossem estáveis, não haveria átomos, não haveria hidrogénio, não haveria hélio e não haveria outros átomos mais pesados de que somos formados, como o oxigénio, o carbono, o ferro e por aí fora.  O Sol é a fornalha que nos mantém vivos, sendo os átomos de hidrogénio a sua lenha e os de hélio as cinzas solares.
Os átomos de hidrogénio  formaram-se muito cedo na vida do universo e isso só foi possível porque havia protões e electrões e os neutrões vieram a seguir, a partir dos protões. E toda esta cangalhada nasceu porque havia quarks estáveis e bosões, agentes das forças indispensáveis à coesão das partículas, blá, blá, blá.
Por cálculos muito precisos e fundamentados—não por palpite, como Portas no vídeo aqui em baixo—sabemos que o Sol consumiu combustível correspondente a metade da sua vida,  ± 4,5 mil milhões de anos. O Senhor de La Plalice diria que, sendo assim, ainda vai durar ± 4,5 mil milhões de anos.
E depois? Depois, tudo leva a crer, kaput.
Dá que pensar isto. Não é que estivesse à espera de mais uns aninhos de Sol para assegurar mais  alguns também para mim—andarei lá perto, mas não chego lá. Mas, para os contemporâneos desse fenómeno catastrófico que se aproxima a passos largos, como vai ser?
Esclareço que, se houver pessoal por essa altura, ninguém assistirá ao falecimento da estrela. Antes dela se passar, já eles terão morrido porque o Sol terá crescido e chegado à órbita da Terra e, antes disso ainda, já os oceanos se terão evaporado, tudo terá sido grelhado em lume forte e o calor será pior que em Beja no Verão. Em resumo, o Homo sapiens—a suprema maravilha do universo, segundo ele—acaba.
Assim, sem mais nem menos?! 
Exactamente!!
Perguntar-se-á: "Mas então, qual foi o nosso papel?" Não sei responder, mas cheira-me a que foi papel de embrulho. Olhem para o pontinho branco, mesmo no meio da rodela azul da figura em cima e à esquerda, a Nebulosa do Anel, falada há dias aqui—aquele pontinho era uma estrela maior que o nosso bem amado Sol cuja figura  vai ser ainda mais triste! Uma lástima!
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A LINHA VERMELHA EMPALIDECE

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Achar = acreditar, presumir, ter a impressão. 

( Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa)

Não estamos feitos ao bife porque estamos feitos à troika!!!
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NA GÁSPEA COM POUCO PANO

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Lisboa, 28-05-2013
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DICIONÁRIO DO DIABO

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Panegírico, s. m.|adj.—Elogio rasgado a pessoa que tem poder e riqueza, ou a qualidade de estar morta.

CRIA FAMA E . . .

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terça-feira, 28 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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"Jean Key"

Barca belga no Porto de Ostende (1830)
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CANOA 'ESPERANÇA'

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Em águas cinzentas, brilha a canoa "Esperança", da Câmara Municipal de Lisboa

Lisboa, 28-05-2013
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TODOS DIVERTIDÍSIMOS

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Lisboa, 28-05-2013
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EU PLAGIO, TU PLAGIAS, ELE PLAGIA

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O "Oxford Dictionary of English" diz que plágio é a apropriação do trabalho ou das ideias de outrem e fazê-las passar como sendo nossas.  Fui buscar isto porque li no "Telegraph" que Kipling teria plagiado a ideia da lei da selva do "The Jungle Book". Interrogado na altura sobre a matéria, Kipling terá dito que talvez se tenha servido da ideia, mas já nem se lembrava onde a tinha encontrado.
Chegados aqui, a questão começa a fiar mais fino. Na literatura, há ideia e forma. É vedado ao autor usar a ideia de outro com forma diferente? Por exemplo, contar a história da "Nau Catrineta" em prosa? Ou converter um naco de boa prosa em poema? Na "Correspondência de Fradique Mendes", Eça escreve ... em todas as raças, ou divinizando as forças da Natureza, ou divinizando a Alma dos mortos, as Religiões, amigo meu, consistiram sempre praticamente num conjunto de práticas, pelas quais o homem simples procura alcançar da amizade de Deus os bens supremos da saúde, da força, da paz, da riqueza.  Não dava isto para um belo poema nas mãos dum vate inspirado? Claro que sim! E era plágio? É complicada a resposta.
Se o poeta tivesse presente onde tinha ido buscar a ideia, ficava-lhe bem referi-lo. Mas, muitas vezes, já não tem pálida noção de tal e está desculpado se não referir. Não é grave.
Na realidade, a originalidade do autor não depende tanto da história que conta como da forma como a conta. Ler uma ideia decalcada de Eça numa peça de Baptista Bastos não é grave. Não tem mesmo importância nenhuma. Só que a primeira é boa e a segunda será, seguramente, uma trampa. Não há qualquer plágio.
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Nota—O atrás vertido respeita ao plágio literário, não ao plágio académico.
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UMA FOTOGRAFIA CAPRICHADA

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Lisboa, 28-05-2013
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P360

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NRP "Viana do Castelo"
Lisboa, 28-05-2013
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O TEMPO E A ALMA

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Dizia eu ontem que o homem, na versão actual, tem cerca de 50 mil anos. Foi precedido por numerosas espécies menos diferenciadas, provavelmente com origem em África e a partir do chimpanzé. É legítimo perguntar em que momento dessa evolução surgiu nele o que os teólogos chamam alma, característica de diferenciação ontológica.
Se se começa num ser sem tal dom, como o chimpanzé, e se chega a outro com ele, há necessariamente um momento de instilação da qualidade. Foi quando o ADN atingiu o actual perfil? Foi antes? Foi depois? Parece que ninguém sabe, nem se teoriza sobre a matéria.
Um belo dia, tive oportunidade de falar sobre isso com um doente meu, doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Perante a pergunta, olhou para mim e declarou que isso não interessa nada. Salvo o respeito devido por tão ilustrada personalidade, acho que interessa até bastante. Pode dizer-se que não se sabe, naturalmente, mas interessa—pelo menos, pensar e especular interessa. E explico porque digo isto.
O conceito de alma imortal está classicamente associado ao de religião, sendo religião a crença num ser sobrenatural que impõe comportamentos  e práticas de culto. Tal exige diferenciação intelectual que não existia, por exemplo, no Ardipithecus ramidis. Daí que se possa inferir ter a religião surgido muito próxima do aparecimento do homem moderno, há 50 mil anos como referido. Até aqui, vai tudo bem.
Mas surge um problema: as religiões monoteístas—as únicas que vale a pena contemplar nesta matéria—foram reveladas por profetas ou equivalentes e tal aconteceu há escassos milhares de anos (o homem moderno tem 50 mil anos, recordo). No plano teórico, é legítimo perguntar o que acontecia, ou aconteceu, com as putativas almas anteriores a essas revelações. Ou, de facto, só surgiram  as almas a partir das revelações?
O teólogo que referi que me desculpe, mas interessa. Bastante, digo eu.  
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SAMBA DE UMA NOTA SÓ

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TURBANTE BRANCO


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Dizem que o  Profeta gostava do branco porque os anjos que ajudaram os 
muçulmanos na Batalha de Badr usavam turbantes  dessa cor, a do Paraíso.
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Lisboa, 28-05-2013
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segunda-feira, 27 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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"Ingeborg"
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Veleiro dinamarquês navega rumo à Noruega (1824)

NEBULOSA DO ANEL

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A nebulosa que se vê em cima é a Nebulosa do Anel, na Constelação da Lira. Está a 2 mil anos/luz da Terra, tem cerca de 1 ano/luz de lado a lado, é muito bonita, frequentemente usada para decorar livros de Astronomia e observada até à exaustão por astrónomos amadores. Tem aspecto de bolo-rei, mas não: é mais do tipo donut de gelatina porque a parte central não é oca, mas sim cheia de hélio tornado azul brilhante pela radiação duma estrela moribunda, que se vê na imagem sob a forma de minúsculo ponto branco, mesmo no centro da nebulosa—há mais pontos brancos, correspondentes à projecção de outras estrelas em planos diferentes, à frente e atrás. A estrela entrou em agonia há 4 mil anos e morre lentamente desde então, como vai acontecer com o Sol, daqui  4,5 mil milhões de anos, por se acabar o hidrogénio no interior. O que se passa ali é o que se vai passar aqui—tal e qual! Mas como o Sol é mais pequeno, o espectáculo não vai ser tão brilhante e bonito.
Os anéis coloridos na periferia da nebulosa correspondem ao choque do gás central em expansão muito rápida—cerca de 70 mil quilómetros por hora—com o gás periférico, em expansão mais lenta. Tal expansão vai durar ainda 10 mil anos. Depois, desaparece a luz e o brilho e tudo se funde na escuridão do espaço.
The show is over!

TÚNEL DA PRAIA DO TAMARIZ

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Estoril, 25-05-2013
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A FINITUDE DO 'HOMO SAPIENS'

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O Génesis, seja na versão bíblica, seja na versão cosmológica, criou condições para o homem actual nascer, viver e morrer. Isso aconteceu há cerca de 50 mil anos, provavelmente—uma gota de água no oceano de vida da Terra (± 4,5 mil milhões de anos) e do universo (± 13,7 mil milhões de anos). Tanto quanto sabemos, portanto, o homem é um fenómeno relativamente recente no universo.
É recente e não vai durar muito—pelo menos na Terra. Esta acaba daqui a ± 4,5 mil milhões de anos e, se o homem não tiver já desaparecido, desaparece nessa altura. Isto é, a espécie Homo sapiens terá uma existência total de pouco mais de 4,5 mil milhões de anos, se tudo correr bem.
A pergunta é: Como encaram os teólogos este facto? Ou seja, teologicamente, há uma espécie com horizonte de vida finito no universo,  mas  com horizonte de vida infinito depois da morte? Melhor ainda: A população de almas no Além tem um plafond previsto, atingido quando a Terra acabar?
Serve isto para pedir aos teólogos que nos expliquem porque todos os seres surgidos na Terra voltam simplesmente ao pó de estrela quando morrem, mas há um deles que volta ao pó mas sobrevive, até ao dia em que deixa simplesmente de existir "cá" e, por isso,  deixa de ir para "lá". Não sei explicar e gostava de saber. Assim como gostava de saber porque, tendo o homem 50 mil anos, as revelações divinas, quando ocorreram, só se verificaram há tão pouco tempo. Só pergunto. Não quero provocar ninguém.
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SE NÃO GOSTA, NÃO ESTRAGUE

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Diana Krall
(quase uma hora)
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(Com colaboração de J. Castro Brito)
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'CHALET' BARROS

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Estoril, 25-05-2013
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Pelo ano de 1886, mais ou menos, um rico capitalista lisboeta, de seu nome João Martins de Barros, foi habitar em São João do Estoril, numa casa em frente da Poça. Adoecera-lhe um filha e esperava vê-la curada pelo ar do pinhal e do mar.
O milagre, mais uma vez, desceu à terra. A criança anémica robusteceu-se, criou rosadas cores de saúde, brilho nos olhos, recuperou a alegria de viver. Então o pai, encantado, dispôs-se a fazer uma casa no local onde se operara a maravilha. Escolheu para ela um poiso deslumbrante
o antigo Forte de Santo António do Estoril, muralhas quase ruídas, mas ainda alcandoradas sobre os rochedos que afloram, à esquerda de quem olha o mar, no areal do Estoril. [...]

[...] Esse forte, tal como os outros que o acompanham, representa uma relíquia da era de seiscentos. Na altura em que João Martins de Barros o comprou ao Estado já não tinha artilharia nem guarnição. Abandonado à erosão do vento e das chuvadas ia-se desagregando, lentamente, e caminhando para a ruína. [...]

[...] Combinou-se com um empreiteiro a transformação do forte num palacete aparatoso. Houve para a obra um projecto aprovado entre construtor e proprietário, um preço aceite, um prazo estabelecido. O construtor, um italiano, chamava-se Cesar Ianze [...]

[...] Finda a obra, instalou-se na casa a família do proprietário—e a sua filha, a quem o clima do Estoril restituíra a vida. Cesar Ianze, o construtor do palacete, porém, apresentava nessa altura um aspecto de profundo declínio.
Gastara mais do que previra, nessa obra aceite por empreitada. Arruinara-se com ela. Desgostoso, alquebrado, vencido pela sorte, deixou-se dominar pela neurastenia e pouco depois morreu.
Morreu de desgosto. Mas o palacete não tem visitas de fantasmas.

Branca de Gonta Colaço e Maria Archer in "Memórias da Linha de Cascais".

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44 BIQUEIRA LARGA

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Assim deve ser o calçado, pelo amor aos pés
Estoril, 25-05-2013
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DARIO, PÍNDARO E CABEÇA BRANCA

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Dario era rei dos persas e começa com ele este post. Um dia, na presença de gregos de visita à sua corte, perguntou-lhes quanto queriam eles para comer os cadáveres dos seus pais. Horrorizados e pálidos, os gregos mandaram Dario abaixo de Braga. Chamou então membros duma tribo indiana com tradição de comerem os cadáveres dos pais e, na presença de intérpretes para grego, perguntou-lhes quanto queriam para deixar queimar os cadáveres dos seus pais. Os indianos mandaram Dario idem, aspas—os gregos cremavam os mortos.
Moralidade da história—que deve ser inventada mas podia ser verdadeira: tudo é relativo e convencional, até o que não parece. O Poeta Píndaro, que não tive o prazer de conhecer, dizia que o costume é rei de tudo. Não se põe o problema de um lado estar certo e o outro errado—simplesmente, não há respostas certas, dizem os relativistas.
Por exemplo, o Manelinho é traquina e o professor, farto de o aturar, pergunta-lhe: "tu és um filho da p..., não és? Manelinho também é relativista: "Se a minha mãe for a minha, não sou; mas se for a do senhor Professor, sou. Já tem barbas, mas vem a propósito.
Alfred North Whitehead, também conhecido em Portugal por Alfredo Norte Cabeça Branca, perguntava, dois aninhos depois de eu vir ao mundo, o que era a moralidade num dado tempo e lugar. E esclarecia: é o que a maioria gosta; acrescentando que imoralidade é o que não gosta. Tal e qual! A escravatura e a pena de morte, por exemplo, são morais ou imorais, conforme o ponto de vista dos povos ao longo da História, porque os pontos de vista evoluem também com o tempo nos vários lugares, coisa complicada.
Relativismo é perigoso ou não. Depende, porque o próprio relativismo é relativo. Para os "progressistas" é uma bênção, ao subvalorizar a condenação ética do casamento homossexual, do consumo das drogas, da liberdade sexual e por aí fora. Para os conservadores é uma praga que dissolve os costumes.
Bento XVI, verbi gratia, escrevia em 2005: Um obstáculo insidioso à educação é a presença maciça na sociedade e na cultura do relativismo que, ao reconhecer que nada é definitivo, deixa tudo ao critério último do próprio desejo. E, sob a capa da liberdade, torna-se numa prisão porque separa as pessoas, ao fechá-las no seu 'ego'. No lado oposto, os libertários fizeram da proclamação de que vale tudo o seu mantra, ou grito de guerra. É a sociedade em movimento porque faz parte da sua natureza não parar, prontes.
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Notas i) a personalidade em cima e à esquerda, é Dario, antecessor de Mahmoud Ahmadinejad e rei dos persas. ii) a personalidade da direita é o poeta Píndaro, que não tive o prazer de conhecer.
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LUZES DA CIDADE

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Estoril, 25-05-2013
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PERDIDOS E ACHADOS

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Suponho que Joaquim  Letria, em tempos, mostrou uma cena sobre 
mesmo tema nos "apanhados", embora com um fim diferente. É a vida!...
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(Com colaboração de J. Castro Brito)
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domingo, 26 de maio de 2013

OS GRANDES VELEIROS

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"Betriebsamkeit"
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Galeaça alemã de 1805, naufragou em 1826.
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REPUXO

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.Estoril, 25-05-2013
(Tem truque de edição)
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MARTELO É QUE SABE !

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O Professor Martelo diz que, com este governo, vivemos às pinguinhas e que isso se explica pelo peso e pela política do Ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
Não posso estar mais de acordo, como com quase tudo que Martelo diz. E explico:
Imagine-se Gaspar no Conselho de Ministros—Acho........................  que........................   é........................ altura........................ de........................ começar........................ a........................ pensar........................  em........................ pedir........................ à........................ troika........................ para........................ permitir........................ que........................ o....................... défice........................ seja........................ de........................ 4,5%........................ e........................ não........................ de........................ 4%........................, bem........................ como........................ se........................ desça........................ o........................  I........................ R........................ C............................ porque........................ ........................ ........................ ........................
São 11 horas da noite, os ministros já estão em casa de pantufas a ler n' "A Bola" o trajecto meteórico de Jesus na Liga Nacional, na Liga Europa e na Taça Lusitana, e Gaspar ainda não chegou ao fim. No Conselho seguinte, Gaspar retoma o tema e diz outra vez: Acho........................ que........................
Aí, Portas levanta o braço e propõe: Oh colega, ponha isso por escrito e traga daqui a uma semana para ser mais rápido.
O problema é que o "Office" de Gaspar não tem "Word" pela singela razão de que toda a memória da sua máquina está saturada com o Excel. Façamos pois um peditório nacional, quiçá internacional, para lhe ofertar um computador só com "Word", versão "TATE-BITATES", a ver se o homem se despacha.
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TORRE SINEIRA

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Escola dos Salesianos do Estoril
25-05-2013
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ERA PRÉ-'OFFSHORES'


(Veneza. Uma rua. Entram António, Salarino e Salânio)

ANTÓNIO (o mercador)Não sei, realmente, porque estou tão triste. Isso me enfada; e a vós também, dissestes. Mas como começou essa tristeza, de que modo a adquiri, como me veio, onde nasceu, de que matéria é feita, ainda estou por saber. E de tal modo obtuso ela me deixa, que mui dificilmente me conheço.

SALARINO (amigo)Vosso espírito voga em pleno oceano, onde vossos galeões de altivas velascomo burgueses ricos e senhores das ondas, ou qual vista aparatosa distendida no marolham por cima da multidão de humildes traficantes que os saúdam, modestos, inclinando-se, quando perpassam com tecidas asas.

SALÂNIO (amigo)Podeis crer-me, senhor: caso eu tivesse tanta carga no mar, a maior parte de minhas afeições navegaria com minhas esperanças. A toda hora folhinhas arrancara de erva, para ver de onde sopra o vento; debruçado nos mapas, sempre, procurara portos, embarcadoiros, rotas, sendo certo que me deixara louco tudo quanto me fizesse apreensivo pela sorte do meu carregamento.

SALARINOMeu hálito, que a sopa deixa fria, produzir-me-ia febre, ao pensamento dos desastres que um vento muito forte pode causar no mar. Não poderia ver correr a ampulheta, sem que à ideia me viessem logo bancos e mais bancos de areia e mil baixios, inclinado vendo o meu rico "André" numa coroa, mais fundo o topo do que os próprios flancos, para beijar a tumba; não iria à igreja sem que a vista do edifício majestoso de pedra me fizesse logo lembrado de aguçadas rochas, que, a um simples toque no meu gentil barco, dispersariam pelas ondas bravas suas especiarias, revestindo com minhas sedas as selvagens ondas. Em resumo: até há pouco tão valioso tudo isso; agora, sem valia alguma. Pensamento terei para sobre essa conjuntura pensar, e há-de faltar-me pensamento no que respeita à ideia de que tal coisa me faria triste? Mas não precisareis dizer-me nada: sei que António está triste só de tanto pensar em suas cargas.
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In "O Mercador de Veneza", de William Shakespeare
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