sábado, 27 de julho de 2013

A HISTÓRIA [ NÃO ] SE REPETE

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Ouve-se e lê-se que a História não se repete. Karl Marx dizia que se repete: a primeira vez sob a forma de tragédia, a segunda sob a forma de farsa. Mark Twain, que não se repete, mas rima. E Clarence Darrow, que se repete, sendo precisamente essa uma das coisas erradas que a História tem. Há para todos os gostos, situações e ocasiões, como acontece com quase tudo que é frase grandiloquente, provérbio ou ditado.
Em boa verdade, esse género de filosofia―com minúscula―é quase sempre de almanaque. Digo quase sempre porque alguma faz excepção―por exemplo, quando Churchill dizia que a História é a versão escrita pelos vencedores: todos conhecemos o que se diz do holocausto, mas só adivinhamos o que diriam os alemães sobre as bombas atómicas americanas no Japão se Hitler tivesse ganho a guerra.
Portanto, citando Einstein, tudo é relativo. Em Portugal, há 39 anos que a História se repete: invariavelmente, tudo está bem, mas os anos passam e por três vezes surgiu a emergência absoluta de colocar as contas públicas em ordem, maneira simpática de dizer que o País faliu e foi colocado sob a tutela de três comissões estrangeiras de administração de falências.
Naturalmente, também isto é relativo em relação ao fenómeno da repetição da História. Se falamos das duas falências durante os governos de Mário Soares, estamos a tratar de matéria clara porque aí a culpa foi do Dr. Soares e seus correligionários. Se falamos da falência actual, há duas versões: a primeira diz que foi o Zezito que afundou o navio, na melhor tradição socialista de gerir; a segunda que foi o Gaspar que lhe deu o tiro de misericórdia na tentativa canhestra de o manter a flutuar.
Resumindo e concluindo, a História não se repete, nem deixa de se repetir: está inocente. O que se repete são as jericadas dos políticos.
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