quarta-feira, 30 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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Guerra naval
(Sec. XVIII)
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AS AMAZONAS

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DITOS

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Subúrbios são locais onde os construtores arrasam as árvores cujos nomes dão às ruas que fazem no seu lugar.


Bill Vaughan

ECLIPSE

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Ontem, 29 de Abril, ocorreu um eclipse do Sol no hemisfério Sul. Foi quase completo na Antárctica e parcial na Austrália e Indonésia. A imagem de cima corresponde à visão a partir da área gelada do continente do Pólo Sul e a de baixo foi feita na Austrália.
A animação a seguir mostra como evoluiu a sombra do fenómeno nas áreas onde se viu. Se a animação está rigorosa, não se observou em Timor Leste.
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A LUZ NO FUNDO DO TÚNEL !

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Para ser taxista em Londres, são necessários dois anos de aprendizagem  de navegação nas ruas da cidade. Estudo recente, feito com exames de ressonância magnética, mostra que 16 desses instruendos, no fim da preparação, tinham aumento significativo do hipocampo, quando comparados com 50 homens saudáveis, não taxistas. E quanto maior era o período de trabalho nos táxis, maior era o volume do hipocampo.
O hipocampo é uma área do cérebro envolvida na memória e na navegação. Neste caso, parece que com maior exigência funcional, aumenta o volume do órgão. Em Medicina, diz-se que a função faz o órgão; mas no Sistema Nervoso Central nunca isso tinha sido verificado com tanta acuidade. 
O passo seguinte será, provavelmente, ensaiar a indução da hipertrofia do hipocampo de forma experimental e ver se tal se acompanha de melhoria da função. Depois, em caso afirmativo, aplicar a terapêutica a todo o encéfalo dos membros do XVIII Governo Constitucional. Começa a surgir uma luzinha no fundo do túnel!!!
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TECNOLOGIA

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A LIX é a mais extraordinária caneta/impressora em 3D. Infelizmente, exige mão muito firme, sem hábitos cafeínicos. 
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SACRÉ COEUR

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Poiares Baptista

O meu caro amigo Prof. Poiares Baptista está em Paris a tomar um "banho de civilização" e tem a gentileza de me mandar estes desenhos, que aprecio. Daqui lhe envio um abraço grato, com votos de bon séjour.
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OUVIDE AGORA, SENHORES, UMA HISTÓRIA DE PASMAR



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Do púrpura do pôr do Sol aos primeiros passos cambaleantes do bebé, ou ao esplendor do espaço profundo, o universo está cheio de coisas de pasmar, como a história da Nau Catrineta. E é bom que pasmemos, ou nos espantemos, porque o espanto aumenta o bem-estar. Investigadores da Universidade de Stanford demonstraram que pessoas espantadas são mais pacientes, mais amigas de ajudar, e estão mais satisfeitas com a vida. É de coisas de pasmar que fala o vídeo em cima, que não precisa de comentários.
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DE BAIXO PARA CIMA

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Tudo no mundo se organiza, ou organizou,  de baixo para cima. A água é uma estrutura auto-organizada pelo hidrogénio e pelo oxigénio. A vida, de que ontem falávamos, é organização de proteínas coalescentes. As complexas células eucariotas resultaram de células procariotas muito mais simples que se combinaram ao fundir-se. A evolução é um processo biológico de apuramento das melhores espécies, partindo das mais elementares para as mais diferenciadas e mais bem adaptadas ao meio. A democracia é a resposta—de baixo para cima—aos sistemas políticos organizados de cima para baixo, como as monarquias absolutas e as ditaduras de todos os tipos, e assim sucessivamente, incluindo a linguagem, a cultura em geral e muito mais.
As culturas religiosas, nomeadamente com as teorias criacionistas e do desenho inteligente, deformaram a mente do homem que se habituou a ver projecto inteligente em tudo, incluindo aquilo que ele próprio organizou de baixo para cima—há um viés cultural na cabeça humana.
A Internet é, talvez, o melhor modelo—no nosso tempo—do "de baixo para cima" auto-organizado. Não há "encarregados",  "responsáveis", ou "supervisores".  A informação circula livremente, com o óptimo, o bom, o razoável, o assim-assim, o mau, o péssimo, o horrível, os artigos do Dr. Soares e os discursos de Vasco Lourenço. Como com a água-benta, cada um toma de lá só o que quer—eu, por exemplo, tomo os artigos do Dr. Soares sobre o ambiente e a ética republicana, e outras pérolas que circulam na Rede. 
A Wikipedia é um exemplo do "de baixo para cima". Comparada com as suas congéneres magistrais do Século passado, tem asneiras, calinadas, burrices, coisas duvidosas, mas está aberta à crítica e à correcção por pategos como eu e por gente ilustre que não é o meu caso. A ideia é construir a verdadeira enciclopédia, actualizada e auto-organizada de baixo para cima. E, como Darwin previu, só lá vai ficar o melhor.
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terça-feira, 29 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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"Argus"
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OMBRO ARMA

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DITOS

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O segredo da criatividade  é saber ocultar as fontes.

Albert Einstein

COM BARBA E SEM BARBA

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ABIOGÉNESE

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O mundo é feito de matéria inerte e de vida. A primeira conhece-se razoavelmente; a segunda constitui um mistério—é constituída pelos mesmos elementos da primeira, mas organizados de forma inesperada. A diferença é de tal monta que se estabeleceu uma barreira, com a Química e a Física de um lado e a Biologia do outro.
Desde logo, não se percebe como surgiu a vida, a partir do mundo inanimado. Foi acaso? Custa a engolir essa! Recentemente, a Química deixou algumas pistas para a abiogénese, como se chama a formação de vida a partir do estado morto.
Sabemos agora que um mecanismo semelhante à evolução de Darwin opera também no mundo inanimado. É possível no laboratório—in vitro—pôr moléculas de ácido ribonucleico (ARN) a replicarem-se. Mas o importante é que com o tempo essas moléculas que se reproduziam lentamente, começam a fazê-lo de forma rápida. Há evolução, provavelmente porque as de reprodução lenta são eliminadas pela concorrência das mais rápidas. Exactamente como Darwin descreveu com os seres vivos.
Então, para simplificar a explicação até ao limite tolerável num pequeno espaço, as moléculas também evoluem e fazem-no tanto melhor quanto mais complexo e perfeito é o sistema químico em que se incorporam. Ou seja, de selecção em selecção, acabaram por se integrar em sistemas complexos que hoje chamamos  genericamente vida. Não há qualquer diferença entre a Química e a Biologia—a vida será simples resultado da evolução química e nós um dos produtos finais desse sistema. É pouco? É; mas daqui para a frente entramos no domínio da Teleologia. E aqui chegado, parafraseando Régio, não vou por aí; ou seja, não me vou meter em tal labor.

A VER A BANDA PASSAR

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ENSAIO SOBRE O FLATO

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Saiu recentemente um livro chamado "Fart Free Food for Every Body". Para quem não sabe, fart em inglês é assim como peido—com vossa licença—e a ideia é ensinar a cozinhar coisas que não provocam os ditos, para conforto próprio e da vizinhança. Sei que o tema não é fácil, mas é importante do ponto de vista da evolução darwiniana, dado que o flato parece ser indispensável à boa saúde e, consequentemente à sobrevivência da espécie.
O gás intestinal pode ser um preço módico a pagar pelo benefício que tem. Não vou entrar em muitos detalhes da Fisiologia, nem em linguagem científica, mas acrescento que o gás intestinal é em parte ar engolido quando se come e outra parte resultado da digestão de hidratos de carbono da alimentação por micróbios presentes no intestino, cujos peidos fazemos nossos. Tal e qual!
Esse microbioma, que nos insufla as vísceras, é muito importante. Ao comerem os nossos alimentos e produzirem  gases, os micróbios sintetizam moléculas que melhoram o sistema imunitário, protegem a parede do intestino e previnem infecções. Adicionalmente, parte desse gás alimenta outros micróbios—digo micróbios porque não são só bactérias—também importantes na defesa contra infecções.
Consequentemente, os flatos—vulgo peidos, bufas, puns, ou ventosidades—significam que as bactérias e as archea estão a cuidar de nós. São sinal de saúde! Com essas dietas fart free, há algum risco. Cidadão que se preza—e cidadã também—liberta, pelo menos 18 ventosidades por dia, a ritmo variado.
Algum desse gás—e isso é sabido—contém enxofre, ou compostos de enxofre, responsáveis pelo odor a feijão colonial. São os micróbios que o fazem. Assim, quem se alivia, descomprimindo, não tem culpa. Como dizem os anglo-saxónicos, blame the microbiome.
Portanto, caros leitores, consumam em abundância feijão, couve portuguesa, lentilhas, bróculos e por aí fora. Quanto mais comerem, mais tipos de micróbios aparecem e mais saudáveis se tornam. E, em determinados locais ruidosos, como as discotecas, liberte-se dos efeitos acessórios da terapêutica. Assim como assim, nesses locais o cheiro nem se nota.

I think I already knew this,
Beans, beans the musical fruit,
The more you eat, the more you toot,
The more you fart the better you feel,
So eat your beans at every meal.

Nota—A prosa acabada de verter é um bocado espinhosa, eu sei. Mas é inspirada num artigo publicado ontem pelo gigante da comunicação "National Public Radio". Não inventei nada. (Veja aqui um vídeo da autora do livro)
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segunda-feira, 28 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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Barca de quatro mastros
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'SPRITZ'

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Sabe o que é o Spritz? Provavelmente, sabe porque é uma pessoa informada. Eu não sabia, porque não sou uma pessoa informada; mas fiquei hoje a saber. O Spritz, que está aí na imagem de cima, é um aparelho para ler textos cujas palavras de cada frase aparecem uma a uma, isoladas no ecrã, com ritmo pré-determinado. Por exemplo:     "Coelho"                   "é"                   "um"                   "artolas"
Qual a vantagem?—perguntar-se-á. A vantagem é que, teoricamente, ao ler, pode ter-se o olhar fixo sempre no mesmo ponto, não é necessário mexer os olhos ou a cabeça e o leitor cansa-se e distrai-se menos, lendo mais rapidamente.
Bem pensado, não? Há opiniões. Ou melhor: depende. Explico porquê.
Imagine que está a ler um livro e, a páginas tantas, vem esta frase: "O homem bebia, enquanto a água límpida e fria transbordava do lavatório". Se ler isto como está, já dá lugar a mal-entendidos. Seguramente, volta atrás para reler. Se lê no Spritz fica com os olhos em bico. O homem pode estar a beber uma cerveja, enquanto a água corre do lavatório; ou pode estar a beber essa água. É claro que este é um exemplo extremo e a frase está fora de qualquer contexto. Mas coisas aproximadas acontecem em todos os textos e é necessário retroceder. Agora imagine que não pode voltar atrás. Lê mais depressa, mas percebe pior. Ou volta atrás e a rapidez vai-se. Isto é, se o texto é límpido e cristalino, no estilo do Dr. Soares, chega-se mais depressa ao fim e é um alívio. Mas se é o professor Adriano Moreira a escrever, perde mais tempo a voltar atrás e a leitura fica ainda mais demorada que no "Diário de Notícias" em papel.
Não tenho opinião, mas gostava de experimentar. Para quem gosta do livro objecto, da obra encadernada, do cheiro a tinta, do toque do papel e rebabá, o Spritz é um crime de lesa majestade. Deus perdoe a quem teve tal ideia sacrílega!
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PORTA 4

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ATENÇÃO ! WARNING !

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É raro o Governo dos Estados Unidos intrometer-se nas guerras entre as empresas de browsers da Internet, mas uma perigosa vulnerabilidade na segurança do "Internet Explorer" (IE), líder durante a última década, levou o "Homeland Security Department's Computer Emergency Readiness Team" a aconselhar os internautas a suspender a utilização do browser.
O aconselhamento de utilização zero resulta do facto do programa permitir a instalação de programas de malware, sem autorização dos utilizadores—programas que permitem roubar dados pessoais, acompanhar a navegação na Net, fazer importuna publicidade, e mesmo controlar o computador. As versões referidas do IE são a 6 e todas as posteriores.
Por vezes, quando se instala um programa, aparece numa das janelas da instalação a pergunta se se deseja instalar também uma pessegada dessas. Como quase sempre a pergunta já vem com resposta afirmativa, se não retirar o V, ela instala-se: preste atenção e instale só aquilo que quer.
Há pouco tempo, ao instalar um programa, e por esse mecanismo, veio junto com ele um programinha que abria a toda a hora janelas de publicidade sem ninguém fazer nada. Às vezes, é complicado ver-se a gente livre deles. Se tal acontecer, com esses ou outros mais perigosos, veja o nome do "bicho" e, se não conseguir removê-lo com a operação de desinstalar programas, consulte no YouTube. Há vídeos, quase todos brasileiros, que ensinam a eliminar os mais conhecidos que são muitos.
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DITOS

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O respeito de um homem pela lei e pela ordem é directamente proporcional ao tamanho do seu livro de cheques.

Adam Clayton Powell Jr.

PORTA 156

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PAGAR MAS BUFAR

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"A Associação de Municipios estima que cerca de 30 autarquias estejam asfixiadas financeiramente, ao ponto de algumas terem mesmo o pagamento dos salários em risco a muito curto prazo. O fundo de apoio municipal está previsto na lei das finanças locais mas tarda em ser criado. Os autarcas não compreendem o atraso e dizem que a situação é insustentável." Rebabá.

Isto lê-se nos jornais de hoje, lia-se nos jornais de há meses e há-de ler-se nos dos anos vindouros. Os autarcas, como Menezes em Gaia, fazem dos seus mandatos campanhas eleitorais, gastam o que não têm, endividam-se até aos colarinhos e depois o fundo de apoio municipal que pague as suas asneiras que configuram gestões danosas. O problema é que o dito fundo paga com dinheiro dos contribuintes. Se não há outra solução, pois que paguem os contribuintes. Mas o senhor Luís Filipe Menezes deve ser o primeiro a pagar até ao limite do seu património e rendimento. A dívida que deixou ascende a 316 milhões de euros, sem falar das empresas municipais. Com uma receita anual de 125 milhões, excedeu o limite legal da dívida em 40 milhões. Óh égua! (veja aqui um vídeo)
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domingo, 27 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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ESTE ANO DAVA JEITO

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Mas foi um barrete!
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FOZ DO LIZANDRO

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Há 49 anos, neste mês de Abril, passei algumas noites nesta praia, deitado na areia com uma escopeta "Mauser" apontada ao mar. Era instruendo no Quartel de Mafra e nunca percebi se estava ali à espera do inimigo, a treinar para ser militar, ou à espera de contrabandistas, a treinar para ser guarda-fiscal.
Não interessa.
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PARVOS PEDANTES E PAROLOS

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Se há coisa que me "encanita" é a teoria de que só as coisas feitas de determinada maneira estão certas, porque há regras estabelecidas. Quando era bastante mais novo, fumei por cachimbos de que ainda tenho pequena colecção. Gostava, fazendo-o  e tratando deles da maneira que me sabia e parecia melhor. Não era raro aparecer um "papagaio" a perorar que o apreciadores de cachimbo diziam dever-se fazer assim ou assado. Normalmente, respondia que também eu era apreciador e a opinião dos outros valia tanto como a minha pelo que cagava nela. Também tomo habitualmente o café, de que gosto muito, com bastante adoçante. Tenho uma colega que me dizia frequentemente ser o adoçante, ou o açúcar, coisa para estragar o café porque os apreciadores de café rebabá. Nunca lhe disse cagar em tal opinião, mas estive várias vezes para fazê-lo e não era mal feito. O mesmo acontece com um ror de outras coisas, como bebidas, comidas, copos, papel higiénico, brilhantina para o cabelo e pomada para os sapatos.
Vem isto a propósito de uma prosa que li há minutos no site "Aeon" sobre o café e de que traduzo o seguinte trecho:

[...] No Reino Unido, mais de 15 restaurantes com estrelas Michelin usam "Nespresso", líder do mercado do sistema de cápsulas, para fazer o café—incluindo o "Heston Blumenthal’s Fat Duck" em Berkshire, e o "The Ledbury" em Londres. Em França, a "Nespresso" fornece mais de 100 restaurantes com estrelas Michelin, incluindo o lendário "L’Arpège" em Paris. Mesmo na Itália, onde a primeira máquina expresso foi patenteada em 1884, mais de 20 restaurantes com estrelas usam o novo sistema de cápsulas e muitos outros em todo o mundo o fazem, incluindo as dos rivais "Kimbo", "Lavazza" e "Segafredo".  O "expresso carrega no botão" começou como produto doméstico, forma caseira de simular o expresso, sem lixo e complicação. Mas, nos anos recentes, começou lentamente a tomar conta dos restaurantes do mundo.
Pode não se cuidar muito do estilo de jantar ou tomar café. Mas, provavelmente, valoriza-se a "performance" do artesão e acredita-se que a comida é uma dos domínios  cada vez mais restritos onde a criatividade e a arte humana  não pode ser melhorada pela produção em massa e mecanizada. Sendo assim, devemos preocupar-nos com o crescente desafio que o café em cápsulas representa. [...]

O autor deste naco de prosa chama-se Julian Baggini e diz ser escritor, fundador do "The Philosophers’ Magazine" e autor do livro " The Virtues of the Table", publicado em Janeiro deste ano. Adicionalmente—digo eu—deve ser parvo. Também deve saber como se limpam cachimbos, como se carregam—idealmente com barbas de milho, talvez—quantas vezes por minuto se deve chupar o fumo, como devem ser encerados com sebo do próprio nariz enquanto estão quentes—o nariz do porteiro não serve—e rebabá. E o bom café  deve ser o "de saco", criativamente feito com uma meia usada por soldado de Infantariaidealmente antes de ser lavadazero açúcar ou adoçante—apenas pau de Cabinda!
O café da "Nespresso", digo eu agora ao senhor Baggini (que podia mudar de nome), é o melhor café do mundo. Fique-se com esta e embrulhe porque vai de um apreciador de café.
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MALUDA

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Não é de Maluda, mas uma fotografia do "Je".
Mas lá que parece, parece.
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SENTIDO E ESQUERDA VOLVER

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Se perguntarmos a alguém quantos sentidos temos, o mais provável é que a resposta seja cinco; isto no caso de alguém não falar no sexto sentido, coisa mais obscurantista que o regime pré 25 barra 4. Na realidade, temos cinco... mais alguns; excepto o sexto.
Lembremos a capacidade de saber se—mesmo com os olhos fechados—no elevador, vamos a subir ou a descer; no comboio, a andar para a frente ou para trás; no barco, a balançar para a esquerda e para a direita e a enjoar, rebabá: é a sensibilidade vestibular do ouvido interno (Por falar em enjoar,veja aqui um vídeo de um castiço chamado Seasick Steve. Ignore a parte final de publicidade ao album). E a sensibilidade para o frio e o quente? É parte da sensibilidade táctil? E o conhecimento da posição das partes do corpo sem olhar para elas? Sabemos se temos a perna cruzada, mesmo a ver uma jogada do Garay—difícil, mas possível—ou a ouvir o Senhor Presidente a discursar (essa mais fácil).
E, mesmo com os sentidos "clássicos", como é? O gosto, por exemplo. Batata frita é batata frita, mas sabe de forma diferente, conforme a temperatura e consistência—mais quente e mole sabe a uma coisa, menos quente e dura sabe a outra; para não falar da batata frita do Restaurante Tavares e da "Pala-Pala", do yogurte líquido e sólido, blá, blá, blá. No gosto, não conta só o efeito químico sobre as papilas linguais, mas também o tacto para a consistência, o olfato chamado retronasal, relacionado com o cheiro que chega às trombas vindo da boca, em oposição ao olfato ortonasal—respeitante aos odores vindos do exterior—que serve para detectar predadores e para os cães da GNR apanharem bandidos. E aqui—não nos cães da GNR—há por vezes coisas contraditórias. Um manjar pode parecer delícia ao olfato ortonasal e ser uma pessegada, incluindo quanto ao olfato retronasal, quando comido. Uma trapalhada à custa da qual vivem janotas auto-intitulados  críticos gastronómicos que, habitualmente, só acham boa a comida dos restaurantes que lhes aconchegam a carteira.
Mas deixemos essa matéria—também obscurantista—e digamos que os sentidos apreciam quase sempre em conjunto—raramente funcionam isolados. Por exemplo, se estamos no cinema com os olhos abertos, parece-nos que as vozes saem da boca dos actores; se os fechamos, as vozes vêm do lado, ou de cima, ou de baixo, dos altifalantes. E certos aromas nos champôs fazem os cabelos parecer mais macios (!); ver a boca de quem fala melhora a audição; a cor das bebidas modifica-lhes o gosto e já vou em mais de 400 palavras e não quero fazer concorrência ao Dr. Soares em matéria de chachadas. FIM
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ONDA CURTA

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MENTE MENTIROSA

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De acordo com o psicólogo Robert Feldman, que há quatro décadas estuda o fenómeno da mentira, as pessoas mentem, em média, durante três minutos, numa conversa banal de dez; seja com conhecidos, seja com estranhos. Ninguém se abstém de mentir e algumas pessoas dizem que mentiram doze vezes numa conversa como a referida.
Por exemplo, abre-se a conversa com declarações sobre o prazer de encontrar um chato; diz-se que se nasceu e cresceu em Lisboa, quando foi em Alfornelos; que a pessoa encontrada está com magnífico aspecto, embora tenha ar decadente, quase morto pela austeridade; que a sua gravata é fascinante, embora sirva para espantar formigas dos açucareiros; que a camisa é o último grito da moda embora tenha os punhos esfarpados; que o restaurante onde o outro acaba de almoçar é um grande local, quando só tem comida marada e por aí fora. Algumas mentiras são inofensivas, outras graves: parece-me que estás mais magro, ou "Essa mulher? nem a conheço!...", rebabá.
Uma coisa é mentir, outra é apanhar o mentiroso—nem todos são como Passos Coelho ou Sócrates (o tosco, naturalmente), a quem o nariz cresce todos os dias. Já aqui falámos de detectores de mentiras e da sua falibilidade por darem resultados positivos e negativos falsos e de que há técnicas menos mecanizadas, mas mais difíceis, de apanhar os pinóquios. O psicólogo Paul Ekman, da Universidade da Califórnia, estuda o problema há meio século. Já avaliou a capacidade de identificar mentiras de 15 mil voluntários a quem mostra vídeos de pessoas a mentir e a dizer a verdade. Os resultados não são animadores, mesmo em casos graves, como crimes de ofensas corporais, ou promessas políticas. O sucesso a identificar a honestidade não vai além de 55%. Em Portugal e com políticos, o erro seria de 0%.
Há, de facto, técnicas de observação com melhores resultados mas que exigem muito treino e a maioria não tem tempo, nem está motivada, para as aprender. Portanto, já sabe: quando lhe disserem que está com óptimo aspecto, é porque o acham caquéctico, ou até o julgavam já morto, se está em idade própria para bater as botas.
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sábado, 26 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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"Romulus" 

Combate com três navios ingleses
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ARRIBAS

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DOS FLINTSTONES À GUERRA NO ESPAÇO CELESTE

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Fritz Haber, que com um nome assim só podia ser alemão, era também director do Instituto de Física e Química Kaiser Wilhelm, em Berlim, no ano de 1915. No dia 2 de Abril desse Anno Domini, Fritz atravessou—ele próprio!—uma nuvem amarela-esverdeada de gás cloro lançada num campo militar, tossiu convulsivamente, sufocou, caiu para o lado pálido como um cadáver, foi levado em maca para local mais saudável, sobreviveu, recuperou o rosado das bochechas teutónicas e foi promovido a capitão.
Uma experiência, um sucesso. Três semanas depois, 150 toneladas do gás de Haber foram largadas na frente Ocidental, na cidade belga de Ypres. Os militares franceses julgaram tratar-se duma manobra de diversão para outra operação militar, até começarem a tossir convulsivamente, a sufocar e a cair para o lado pálidos como cadáveres. Só perceberam 
que não era manobra de diversão os que escaparam porque os que morreram não perceberam—1.200 finaram-se e 3.000 escaparam com sequelas graves. Desta vez, Haber não saiu de padiola porque teve a feliz lembrança de assistir ao fenómeno a prudente distância.
Estava iniciado o uso de armas de destruição maciça na guerra. Depois vieram os canhões capazes de "despachar"  granadas para 120 km de distância, o lança-chamas que refrescava o inimigo a 35 metros, os tanques, os rádio-telefones, incluindo  os "portáteis" que pesavam 50 quilogramas(!) e, finalmente, os aviões "teco-teco" que largavam bombas sobre o inimigo, até o piloto francês Roland Garros instalar uma metralhadora no seu monoplano "Morane-Saulnier"—uma máquina de guerra infernal!
Retalhos da história bélica que começou com paus e pedras e já vai na fase de mísseis e satélites artificiais. Que mais irá nos acontecer?
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PEANUTS !

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Esta é a despesa anual que os clubes referidos na tabela têm para pagar aos seus amados atletas.
Estamos a falar de milhões de dólares.
Reparem que só os dois clubes de Manchester chegam à bonita soma de 14,68 milhões.
Not bad! 

FORTE DE MIL REGOS

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OS ANIMAIS E SEUS SONHOS

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Aristóteles era esperto (!)—um dia escreveu assim, na obra "Sobre o Sono e a Insónia":  Quase todos os animais dormem, sejam aquáticos, aéreos, ou terrestres. Mas também sonham? 
Aristóteles fazia a pergunta, mas tinha a resposta. Noutra obra, "A História dos Animais", dizia que não só o homem sonha, mas também os cavalos, os cães, as rãs, as ovelhas, os bodes e outros quadrúpedes sonham. Aristóteles podia estar a falar um nadinha de cor—a mandar "bitaites", como dizia o professor Hernâni Gonçalves, autor da expressão que infelizmente morreu ontem—mas investigações recentes indicam que tinha razão. Acrescentava mesmo que os cães ladram enquanto dormem, por exemplo.
Durante a fase do sono dita de movimentos rápidos dos olhos—não interessa agora explicar o que é essa fase—os músculos ficam quase paralisados. Removendo parte do cérebro a gatos, durante tal fase eles podem mover-se. Investigadores franceses verificaram que gatos a dormir nessa fase, não só se movem, como se tornam agressivos e reproduzem comportamentos como se estivessem a caçar ratos, por exemplo—sonham com qualquer luta imaginária, tal como homens com perturbações dessa fase do sono exteriorizam os sonhos em que estão "embrulhados". O mesmo se tem observado em cães.
Há aves que não cantam senão depois de o aprenderem a fazer com os pais. Os investigadores conseguem acompanhar, por  electroencefalografia e imagiologia a actividade cerebral em curso durante o cântico, chegando ao ponto de identificar o que corresponde a cada nota. Pois, durante o sono, essas aves sonham que estão a cantar, facto comprovado pelos registos eléctricos e imagiológicos.
E em ratos, da mesma maneira, é possível acompanhar movimentos  do corpo, apenas imaginados, durante o sono. Aparentemente, um comportamento frequente parece corresponder a "passeios através de labirintos"!.
Os homens—e as mulheres, naturalmente (o Dr. Soares diria os humanos)—não têm consciência de que sonham, enquanto sonham. Só depois de acordar, e nem sempre. Quanto aos animais, não se sabe, por enquanto, como é. E também não se sabe como "escolhem" os sonhos. Tanto quanto sei, Freud não se ocupou dos sonhos caninos.
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sexta-feira, 25 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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"Star of the West"
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DITOS

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Cultura não tem nada a ver com o que se decorou, nem mesmo com o que se sabe. Tem a ver com a capacidade de saber o que se sabe e o que não se sabe.

Anatole France

TROMPA FRANCESA


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Concerto para trompa e orquestra nº 4, de Mozart
A trompa é, dos instrumentos de sopro, o mais melódico! Óh égua!
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(É curtinho! Para ouvir a peça completa, clique aqui)
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COR É VIDA

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Rua de Belém
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TRIO DE ATAQUE

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"O Dolicocéfalo" não é uma caixa de ressonância; mas, às vezes, sente que deve renunciar a tal princípio, em nome da sanidade mental colectiva e do bem público. É o que está a acontecer neste momento. Encontro-me em vias de transcrever integralmente um texto de 388 palavras da autoria de Vasco Pulido Valente, intitulado "Legitimidades" e publicado no jornal "Público" no dia 18 deste mês. É assim:

Uma “revolução” (ou um pronunciamento militar) contra um regime político ilegítimo é, por definição, legítima. Mas dela não deriva uma legitimidade revolucionária. A legitimidade revolucionária não existe. Não passa de um poder de facto.
Desde o primeiro momento que os “capitães de Abril” não perceberam (ou mesmo rejeitaram) esta realidade. Quando saíram à rua, já traziam um “programa” para Portugal, feito não se sabe por quem e largamente copiado do programa do PCP. Não viram, ou viram bem de mais, que estavam assim a substituir a sua vontade à vontade do país. Por outras palavras, que estavam a criar uma nova ilegitimidade. Isto não os comoveu. Os putativos “valores” da “revolução” serviram para justificar qualquer espécie de arbítrio ou de violência.
Sob a tutela, e com a colaboração, do PC e da extrema-esquerda, o MFA descolonizou, nacionalizou, ajudou a ocupar a terra no Alentejo e no Ribatejo, “saneou”, onde o deixaram, personagens que não lhe pareciam, e às vezes não eram, de confiança, censurou a imprensa e a televisão, prendeu a torto e a direito, sem processo ou mandato, e acabou com uma campanha que se destinava a desprestigiar e a suprimir a Assembleia Constituinte. Em quase tudo, seguiu, letra a letra, o manual de Lenine. Quando, em 2014, as “luminárias” da política, do jornalismo e da cultura e até a dra. Assunção Esteves, a segunda figura do Estado, se esforçam por manifestar aos “capitães de Abril” o seu “carinho”, o seu “afecto” e a sua “gratidão”, esquecem que, entre os primeiros dias do Verão de 1974 e o “25 de Novembro” de 1975, não existiu em Portugal verdadeira liberdade; e que só oito anos mais tarde os portugueses conseguiram abolir a tutela militar do Conselho da Revolução.
O coronel Vasco Lourenço e os seus consócios querem agora falar na Assembleia da República, presumivelmente para defender aquilo a que chamam “ideais” de Abril, que, na sua douta opinião, o Governo anda por aí a trair. Sucede que o Governo foi eleito e que nenhum título assiste aos militares, que se consideram depositários de uma herança hoje desacreditada e morta, para expender no Parlamento as suas frustrações. Verdade que a fúria contra a “austeridade” vai tomando formas cada vez mais dúbias. Mas seria intolerável que a República se comprometesse com um gesto que afectaria gravemente a sua própria legitimidade.

O recado fica registado. Para os militares, cuja iliteracia é confrangedora, pelo menos dos que mais falam e se expõem; e também para os defensores da democracia que só "brincam" quando os seus correligionários estão no poder, no pleno uso da "ética republicana" e na posse plena de todos "brinquedos" do Estado: triciclos, bonecas, balões, piões, jogos, rebabá. Sobretudo jogos. Especialmente o "Monopólio".
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CANÍCIE

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Uma árvore de cabelos brancos!
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ENSAIO SOBRE A VELHACARIA

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Um dos argumentos agora usados para condenar a anexação da Crimeia pela Rússia é o de que se estão a mudar fronteiras de Estados estabelecidas na sequência da Segunda Guerra Mundial. Em boa verdade, a guerra acabou em 1945 e a Crimeia só pertence à Ucrânia desde 1954. Antes era terra da Rússia, desde 1783, quando o Império dos Czares a anexou, após  dez anos de luta com otomanos.
Em Janeiro de1954, era Nikita Khrushchev Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética, o Presidium do Soviete Supremo autorizou a transferência da soberania da Crimeia para a República Socialista  Soviética da Ucrânia, a partir de Fevereiro daquele ano. As razões da transferência da soberania então invocadas pelas autoridades russas eram, no mínimo, frouxas.  Falava-se em "acto nobre da Rússia na comemoração dos 300 anos da reunificação da Rússia com a Ucrânia", da "proximidade territorial entre a Ucrânia  e a Crimeia", das "relações económicas e culturais  entre elas", rebabá—uma longa conversa de encher chouriços.
Khrushchev, Sectretário-Geral desde há 3 ou 4 meses, havia sido presidente do Partido Comunista da Ucrânia de 1930 a 1949. Tinha enfrentado forte resistência popular à aceitação da soberania da URSS, envolvendo muita violência. Em meados dos anos 1950, ainda ocorriam encontros armados de monta. Khrushchev precisava de acalmar o povão e nada melhor que fazer-lhe uma oferta chamada Crimeia. Da ideia à acção, foi um relâmpago. Nada como regimes ditatoriais para resolver depressa e expeditamente os problemas. E assim se fez a  vontade de Nikita. A decisão teve dupla vantagem: por um lado era um gesto de "amizade" da URSS para acalmar os ânimos; por outro, permitia infiltrar a Ucrânia com milhões de russos, aumentando a influência destes no País. A mesma técnica já tinha sido usada nos Países Bálticos, especialmente na Letónia e na Estónia.
Os russos alegam agora que a "dádiva" da Crimeia  à Ucrânia foi ilegal. É difícil saber o que—num Estado como a URSS—era legal e ilegal (eu suspeito que era tudo ilegal, mas quem sou eu para dizer tal coisa?). A verdade é que a iniciativa correu os trâmites previstos na "lei" soviética e o actual argumento não colhe.
Mas Putin é um sacana, está mais que visto—aqui fica o registo. Como de vez em quando usa metáforas genéticas para dar uma de cultura, digo dele que é geneticamente um velhaco. Só pode: foi coronel do KGB—Ponto. 
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quinta-feira, 24 de abril de 2014

OS GRANDES VELEIROS

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JAZZ

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Se gosta do Jazz de Diana Krall, ouça aqui um concerto completo em Montreaux

(Por razões técnicas, poderá ter de "puxar" o vídeo a que acede para o princípio)
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PORTA 1

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