terça-feira, 29 de abril de 2014

ABIOGÉNESE

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O mundo é feito de matéria inerte e de vida. A primeira conhece-se razoavelmente; a segunda constitui um mistério—é constituída pelos mesmos elementos da primeira, mas organizados de forma inesperada. A diferença é de tal monta que se estabeleceu uma barreira, com a Química e a Física de um lado e a Biologia do outro.
Desde logo, não se percebe como surgiu a vida, a partir do mundo inanimado. Foi acaso? Custa a engolir essa! Recentemente, a Química deixou algumas pistas para a abiogénese, como se chama a formação de vida a partir do estado morto.
Sabemos agora que um mecanismo semelhante à evolução de Darwin opera também no mundo inanimado. É possível no laboratório—in vitro—pôr moléculas de ácido ribonucleico (ARN) a replicarem-se. Mas o importante é que com o tempo essas moléculas que se reproduziam lentamente, começam a fazê-lo de forma rápida. Há evolução, provavelmente porque as de reprodução lenta são eliminadas pela concorrência das mais rápidas. Exactamente como Darwin descreveu com os seres vivos.
Então, para simplificar a explicação até ao limite tolerável num pequeno espaço, as moléculas também evoluem e fazem-no tanto melhor quanto mais complexo e perfeito é o sistema químico em que se incorporam. Ou seja, de selecção em selecção, acabaram por se integrar em sistemas complexos que hoje chamamos  genericamente vida. Não há qualquer diferença entre a Química e a Biologia—a vida será simples resultado da evolução química e nós um dos produtos finais desse sistema. É pouco? É; mas daqui para a frente entramos no domínio da Teleologia. E aqui chegado, parafraseando Régio, não vou por aí; ou seja, não me vou meter em tal labor.

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