quinta-feira, 31 de julho de 2014

PERGUNTA OPORTUNA

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Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!

A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?!

Camões

Eu fui rei, e filho de rei—diz Salomão—experimentei tudo o que era, e tudo o que podia dar de si o poder, a grandeza, o senhorio do mundo, e achei que tudo o que parece que há nele é vão, e nada sólido, e que bem pesado e apertado, não vem a ser mais que uma vaidade composta de muitas vaidades: Vanitas vanitatum, et omnia  vanitas. Vaidade os cetros, vaidade as coroas, vaidade os reinos e monarquias, e o mesmo mundo que delas se compõe,vaidade das vaidades: Vanitas vanitatum. Esta é a verdade que não sabemos ver, por estar escondida e andar enfeitada debaixo das aparências que vemos. E este é o conhecimento e desengano com que devemos rebater e desprezar o tudo ou o nada com que nos tenta o mundo.  Oh! como ficariam desvanecidas as maiores tentações, se  soubéssemos responder ao omnia do demônio com o omnia de  Salomão: Omnia regna mundi? Omnia vanitas. Omnia tibi dabo? Omnia vanitas.
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António Vieira
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