sábado, 28 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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FLORES

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SER OU NÃO SER BISSEXTO

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O mês de Fevereiro acabou hoje, dia 28. No próximo ano só acaba "amanhã", maneira tosca de dizer que só acaba a 29. Isto acontece  porque, de 4 em 4 anos, é preciso incluir mais um dia no ano do calendário gregoriano, pela razão singela de que a translação completa da Terra em volta do Sol dura 365,25 dias, ou seja, 365 dias mais um quarto de dia e, se não se fizesse a correcção, o calendário ficava avançado.
Até aqui, ainda não aconteceu nada.
Mas o ano de 2096 vai ser bissexto, tal como 2016 e, contudo, 2020 voltará a ser bissexto e 2100 não será bissexto. Agora aconteceu alguma coisa: há uma excepção que suponho toda a gente conhece. Para quem não sabe, explico que a razão se deve ao facto do ano astronómico não ser exactamente de 365,25 dias, mas antes de 365,2422 dias. Assim, de vez em quando, é preciso acertar o passo  porque o calendário vai um nadinha acelerado em excesso. Pela mesma razão, 1900 também não foi bissexto.
Em baixo, segue a lista dos anos bissextos até 2152. Faço votos de que os viva todos e, se estiver errado, pode mandar-me um email para o outro mundo para eu tentar corrigir.
A personalidade retratada em cima é Christopher Clavius (1538-1612), matemático e astrónomo alemão que concebeu toda esta trapalhada. Ganda Christopher!


1600 1604 1608 1612 1616 1620 1624 1628 1632 1636 1640 1644 1648 1652 1656 1660 1664 1668 1672 1676 1680 1684 1688 1692 1696 1704 1708 1712 1716 1720 1724 1728 1732 1736 1740 1744 1748 1752 1756 1760 1764 1768 1772 1776 1780 1784 1788 1792 1796 1804 1808 1812 1816 1820 1824 1828 1832 1836 1840 1844 1848 1852 1856 1860 1864 1868 1872 1876 1880 1884 1888 1892 1896 1904 1908 1912 1916 1920 1924 1928 1932 1936 1940 1944 1948 1952 1956 1960 1964 1968 1972 1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000 2004 2008 2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036 2040 2044 2048 2052 2056 2060 2064 2068 2072 2076 2080 2084 2088 2092 2096 2104 2108 2112 2116 2120 2124 2128 2132 2136 2140 2144 2148 2152.
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RETRATO DO AUTO RETRATO

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REVISITAR EÇA: A MODA

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A moda destrói a beleza e destrói o espírito. Um caixeiro desenha a lápis, em Paris, um certo chapéu, um certo corpete, umas certas mangase todas, magras e gordas, as loiras e as trigueiras, as altas e as pequeninas, se introduzem, se alojam, se enfiam naquele molde, sem se preocuparem se o seu corpo, a sua cor, o seu perfil, a sua altura, o seu peito, condizem, harmonizam, vão bem com o molde decretado e chegado pelo correio. Abandonando-se servilmente ao figurino, abdicam a sua originalidade, o seu gosto. Aceitam uma banalidade em sedae um lugar comum com folhos. Uma senhora que não inventa e não cria os seus vestidosé como um escritor que não acha e não inventa as suas ideias. Ter a toilette do figurino, é fazer como os merceeiros que têm a opinião da sua gazeta. Desabitua o espírito da invenção, da espontaneidade, da liberdade. É uma confissão tácita de que se não tem espírito, nem fantasia. Seguir um figurino é aprender a elegância de cor, para a ir recitar na rua; é ter o gosto que se recebeu de encomenda; é alugar o chique, ao mês; é mandar vir as ideias pelo correio; é o bom tom por assinatura. Que falta de espírito! e os maridos pagam-no!

In "Uma Campanha Alegre"
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UM CASAL QUINHENTISTA

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VAMOS A SUPOR OUTRA VEZ

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A advogada de dois dos arguidos no processo resultante da "Operação Marquês", e autora do texto "Vamos a supor", parece estar a faltar à verdade, o que não é bonito. Sei que o título da peça é "Vamos a supor", mas ainda assim, convém não supor excessivamente, em especial não supor aldrabices.
Diz a senhora ("a supor", recordo) que o seus constituintes, durante os cinco dias que duraram as diligências do primeiro interrogatório para aplicação de medidas de coacção, não tiveram sequer direito a tomar banho, a mudar de roupa, a apresentarem-se condignamente perante o juiz que os ia interrogar.
Hoje leio a informação da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), em resposta a perguntas do jornal  "Público", que os arguidos em causa ficaram em células individuais com chuveiro e água quente, lhes foi entregue um kit com escova e pasta de dentes, um sabonete, um champô e um pedaço de sabão.
Quanto à roupa, a norma é os reclusos usarem roupa pessoal, sendo-lhes apenas fornecida roupa da cama e banho, o que foi feito. No que respeita à roupa pessoal, não existe regra que impeça os reclusos de a receberem; mas a DGRSP desconhece que tenha havido alguma tentativa de entregar roupa aos arguidos.
Portanto, "vamos a supor" que a causídica está a aldrabar, entrincheirada na posição defensiva de "ter ido a supor". Se é assim, vou a supor que a ilustre jurista não terá muito a que se agarrar, além de pormenores processuais secundários. Quando vejo um advogado—ou advogada—muito "agarrado/a" ao Código de Processo Penal, fico com um pé atrás. Às vezes, até com os dois.
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' DE JEITO NENHUM ': É PRECISO TER LATA !

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A ANEDOTA DA SEMANA

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Leio no "Expresso" que António Costa tem um cognome: agora é o Costa Concórdia.
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E pelo Costa Concórdia não vai nada?
TUDO!...
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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O CHÁ NA VIA PÚBLICA

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' A SMALL SHIP '

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Já tirei milhares de fotografias ao Tejo, mas esta não é minha: é da Instagram. Foi muito celebrada por aquela rede social, embora não me pareça grande coisa. Além de que não é um small ship, apenas um barco, ou boat, no caso um pequeno catamarã. A foto foi feita há dois dias, como se lê na legenda.
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A VIDA ETERNA PELA AUTO MUMIFICAÇÂO

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A imagem em cima mostra uma estátua de Buda em cujo interior se veio a verificar que estava um corpo mumificado. Uma TAC da estátua realizada num hospital de  Amersfoort, na Holanda, assim o mostrou. A múmia corresponde ao corpo de um monge budista, com idade entre 30 e 50 anos, que viveu há cerca de 1.100. 
Perguntar-se-á o que fazia o homem ali dentro. Tudo leva a crer que se auto mumificou, por muito estranho que pareça tal coisa. Existia a crença, entre alguns budistas, que a conservação do corpo era condição necessária para a vida no além. Assim, alguns mumificavam-se para assegurar  o acesso à eternidade. O processo era complicado e passava por uma dieta restritiva—para eliminar compostos que promovem e aceleram a decomposição—e pela ingestão abundante de substâncias alegadamente necessárias para a preservação.
Quando pressentiam a proximidade da morte, encerravam-se em espaços confinados a meditar e à espera dela. Tinham um buraco por onde entrava o ar e por onde podiam tocar uma campainha exterior para informar que ainda estavam vivos. Quando a campainha deixava de tocar, era tempo de fechar o buraco.
O resultado via-se ao fim de 2 ou 3 anos. Se o corpo estava conservado, a alma tinha entrado na eternidade. Se não, acabou ali. A do mostrado na imagem em cima está a gozar as delícias da vida eterna, como se comprova na TAC.
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PORTA SEM NÚMERO

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A RODA DO HAMSTER

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A AEON Magazine inclui uma secção onde são postas questões inesperadas por personalidades do mundo académico. Num dos últimos números, encontra-se a seguinte pergunta, feita por Jessica Hughes, especialista e investigadora em Estudos Clássicos: "Qual o mito clássico mais significativo para a era moderna?
Entre outros, Jo Hedesan, da Universidade de Oxford, responde assim:

É o mito de Sísifo, rei de Efira, condenado a arrastar uma enorme pedra montanha acima, para a ver rolar sempre  para baixo e ter de repetir o trabalho toda a vida.
Creio que o Mito de Sísifo condensa a essência da vida no mundo moderno. Os homens foram colocados, como hamsters, a caminhar no interior duma roda sem fim, por gente fora de todo o controlo, porque tem de ser assim. A função da roda é dar objectivo a uma vida sem sentido. Também serve para consumir energia, tornando os cidadãos controláveis e satisfeitos com o que lhes é dado.

A visão é um nadinha radical, um pouco "à Bloco de Esquerda, ou "à Syriza", mas não muito longe da realidade. Em boa verdade, muitas vezes me senti igual aos hamsters que vejo na montra de um estabelecimento de animais "de estimação", perto do local onde almoço.
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MAR SALGADO

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AS ILUDÊNCIAS APARUDEM

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A percepção não é fruto exclusivo dos sentidos. Resulta da cooperação entre os dados provenientes deles e da actividade psíquica. O referido é Psicologia "careca", está bom de ver. Mas é interessante observar  as coisas a funcionar na prática, por exemplo, na charada "coelho/pato" de Joseph Jastrow.

Jastrow, psicólogo americano, concebeu uma imagem—representada em cima—que pode ser vista alternadamente como pato ou coelho. Curiosamente, na Páscoa, as crianças vêem muito mais vezes o coelho, enquanto que no fim do ano é o patotalvez pela proximidade do Dia de Acção de Graças: o pato também é comido em tal dia, em vez do clássico peru.
O teste de Jastrow é apenas um dos muitos que circulam na literatura. Há outros e mais complicados. Por exemplo, os cubos de Necker—apresentados ao lado—que queria deixar aos leitores com mais paciência. Nessa imagem, os cubos podem ser vistos estando os superiores mais afastados e o inferior mais próximo, ou ao contrário, com os superiores mais próximos e o inferior mais afastado. É difícil passar duma percepção para a outra, mas é possível. Tente e repare como os sentidos enganam.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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1 MINUTO DE MÚSICA

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RETRATO

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(EX) CITAÇÕES

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Fazendo minhas as palavras dos comunistas gregos, queria enviar aqui de Portugal um forte abraço ao novo Syriza: bem-vindo à socialdemocracia. Todas as propostas mais lunáticas do partido foram para o armário onde Varoufakis guarda as gravatas. 

João Miguel Tavares in "Público"
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VOLTA TOZÉ - ESTÁS PERDOADO

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Alfredo Barroso é um homem fino e subtil. Era autor dos resumos políticos diários para o tio Soares, que não podiam exceder uma página A4 por impossibilidade do tio resistir a leitura mais extensa (conta José António Saraiva), e era também uma personagem simpática, participante nos Frente-a-Frente da Sic Notícias, que a estação teve de despedir dadas as polidas intervenções com os parceiros e parceiras de programa. 
Pois o senhor Alfredo, que um dia "afinou" com Teresa Caeiro por assim se lhe dirigir, não achou bem que Costa tenha elogiado os frutos merdados, perdão, medrados pelo XIX Governo Constitucional que pela Graça de Deus nos rege. E, em conformidade com a sua habitual elegância, pôs a boca no trombone e anunciou ao mundo que, ainda esta semana, vai enviar uma carta ao PS—não ao Partido Socialista porque diz ter vergonha de escrever o nome por extenso—a "desarriscar-se" da agremiação. PIM!
Barroso esclareceu que não vai filiar-se noutro clube, mas vai votar no Bloco de Esquerda. Se tinha gravata no momento de tal anúncio, deve ter tirado a dita logo ali.
Mas disse mais: tem a certeza de que "a 'ralé' que tomou conta do 'aparelho' do PS é capaz de se atrever a desenvolver contra mim miseráveis campanhas". E ainda: "Agora só falta mesmo o PS apoiar como candidato a Belém o advogado de negócios António Vitorino, que vai ser o próximo presidente da assembleia geral da «chinesa» EDP e membro do respectivo conselho geral, presidido pelo ignóbil Eduardo Catroga. Ah, é verdade, e porque não, já agora, apoiar o inefável Jorge Coelho como candidato a primeiro-ministro?!"
Neste momento, não estou em condições de informar se Barroso já pegou na giga, ou se a mantém arriada. Mas gostei de saber que Vitorino é "advogado de negócios" e que o "inefável"Jorge Coelho é isso mesmoinefável. Óh égua!...
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O HOMEM SABE DO QUE FALA



In "SAPO Desporto"
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POENTE DE FOGO

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O HOLLANDE LUSITANO

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António José Seguro era um nabo? 
Sim—António José Seguro era um nabo. Bom homem, e muito provavelmente sério, coisa extraordinária na  política lusitana, mas não dava uma para a caixa. Os associados socialistas, habituados ao foguete de lágrimas socrático, desesperavam. O politiqueiro Soares, mais as suas calinadas recorrentes, faz mais o seu género.
De repente, Costa perfila-se no horizonte socialista. “Históricos”, fósseis da ética republicana, “Ordem da Jarreteira”, chocas e capotes, espadas, chifres e derrotes, poetas, cravos e dichotes exultam e descartam Seguro─lixo. 
António Costa era o Messias há muito esperado! Costa começa por guardar de Conrado o prudente silêncio e conhece um período de graça (nacional!). Mas político calado é mau. Disso se queixavam os fósseis do Rato e Costa tem de falar. E fala. Cantou a tempo!
Hoje, ou ontem, coisa que não interessa, declarou (urbi et orbi) que Portugal está numa situação "bastante diferente" da que estava há quatro anospara melhor.
Claro que depois da calamidade chamada Sócrates acertou em cheio, o que não era difícil. Mas uma tirada assim, nem de Seguro! Agora aguarda-se o que dirá Soares da inspirada saída. Soares, que tanto insensou Costa, provavelmente entope, como fez com Hollande. Costa é o Hollande português, está mais que visto. Só não faz incursões nocturnas de lambreta por Lisboa—...que se saiba.
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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DÉCIMA OITAVA HORA

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Luz, 24-02-2015
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PENSAMENTO PARA HOJE

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INFELIZMENTE É VERDADE !

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Já todos sabemos o que conseguiu o Syriza: em vez da troika, passou a haver “instituições”; em vez do programa, “acordo”; em vez de credores, “parceiros”; em vez de austeridade, “condições”. Enfim, a transfiguração semântica servirá para muita coisa, mas não chega para esconder que o Syriza enganou os gregos, quando, para ganhar as eleições, prometeu que bastava dar dois berros à Merkel para tudo se tornar fácil. Agora, como todos os mentirosos, resta-lhe continuar a mentir, recorrendo ao delírio verbal consentido pelos seus parceiros europeus para inventar “batalhas ganhas” em guerras perdidas.
Na Grécia, à esquerda e à direita, já muita gente percebeu a “ilusão” encenada por Tsipras e Varoufakis. Manolis Glezos, o patriarca do Syriza, com um sentido da decência que os seus correligionários mais novos não têm, pediu entretanto as devidas desculpas ao povo grego. Há quem diga que ficou tudo na mesma. Não, tudo ficou muito pior, porque o circo do Syriza deixou a Grécia mais isolada, mais desacreditada, mais fraca, e mais longe da recuperação económica. O saldo orçamental primário, por exemplo, já desapareceu. Com inimigos destes, a troika não precisa de amigos. [...]

Rui Ramos in "Observador"
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FOTOGRAFIA DO DIA

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Ocaso
Luz, 24-02-2015
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MÁRIO O ECOLOGISTA

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[...] A Terra está em perigo, como há dois anos começou a tornar-se evidente. Os oceanos Atlântico e Pacífico, com grandes ondas, estão a corroer as areias das praias e o contraste do imenso calor com o enorme frio faz que, por um lado, haja desmedidas secas e, por outro, enormes frios, com terras e cidades geladas como nunca antes se tinha visto nos diferentes continentes. [...]

[...] Os seres humanos têm morrido de múltiplas maneiras: nas guerras, com doenças que progrediram e matando outros, homens, mulheres e crianças, para ganharem força e poder, quase sempre em vão. [...]

[...] A verdade é que em resultado das alterações climáticas e do desejo dos mercados usurários em obter cada vez mais petróleo e outros recursos naturais têm sido criadas cada vez maiores dificuldades ao planeta Terra. Se esta situação não mudar rapidamente, a Terra pode desaparecer e nós, humanos, com ela. [...]
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Mário Soares in "Diário de Notícias"
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O HOMEM MANTÉM-SE LÚCIDO

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"Posso, em todo o caso, antecipar que o engenheiro José Sócrates nada espera, seja para o que for, do senhor procurador da República ou do senhor juiz de instrução", comentou o advogado (João Araújo).

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FALÉSIA

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.Luz, 24-02-2015
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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NÃO LEMBRA AO DIABO

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A Military Association and Free Thinkers (MAAF) dos Estados Unidos pensa vir a requerer a criação dum Corpo de Capelães Ateus. A ideia é bizarra, mas tem sido discutida no Congresso.
O lema do Corpo de Capelães do Exército é “Pro Deo et Pro Patria”, ou seja para Deus e para a Pátria. Consequentemente, o novo corpo será composto de capelães anti-capelães.
Chamem-lhe outra coisa qualquer, como orientadores psicológicos, ou mentais, até espirituais; mas capelães ateus, não lembra ao Diabo. Ironicamente, lembrou a ateus.

FOTOGRAFIA DO DIA

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O campo hoje em Portugal
Luz, Lagos, 23-02-2015
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NOTÍCIA DO DIA

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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Lisboa, 22-07-2012
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PENSAMENTO PARA HOJE

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ARTE E OFÍCIO

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Ó GLÓRIA DE MANDAR !

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A empresa "Mars One", baseada na Holanda, recrutou 100 voluntários—50 mulheres e 50 homens—para seleccionar a primeira tripulação de 24 membros destinada a seguir numa viagem sem regresso para Marte, em 2024. Serão os primeiros colonos da Terra naquele planeta, cuja missão é a de ali iniciar residência permanente, expandindo os terrestres para fora do seu habitat natural.
À primeira vista, o programa afigura-se missão suicida, pelo menos a velhos do Restelo como eu. É duvidoso que resistam muito tempo e, mais ainda, se reproduzam. Mesmo em caso de sucesso, pergunta-se que vida será a deles.
Assim surge o aspecto ético da iniciativa: é deontologicamente aceitável tal empresa?
Já morreram astronautas em missões que hoje são quase rotineiras e de risco mínimo. Pode falar-se em custos do progresso nesta matéria, é verdade. Mas ir definitivamente para Marte, sem hipótese de regresso! Óh égua!... É pior que suicídio!

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COISAS QUE GOSTAVA DE TER FEITO

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(Com colaboração de J. Castro Brito)
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O HUMOR JÁ NASCE FEITO

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Não sei se a realidade é mais interessante do que a ficção. Sei que, em Portugal, é mais engraçada. Muito antes do dia 1 de Abril, o Público deu a conhecer a carta do partido Livre/ Tempo de Avançar/Corrente Manifesto/ Renovação Comunista aos gregos. Em teoria, a carta apoia as "posições antiausteridade" do governo de Atenas. Na prática, realiza os sonhos de qualquer guionista de comédia.
O aglomerado de partidos, movimentos e correntes, talvez representativo de 1,3% do (nosso) eleitorado, confessa-se envergonhado e revoltado pelas "notícias de que Portugal tem sido um obstáculo" e jura que "a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo". Por enquanto, promete fazer "pressão, dentro e fora de Portugal, para que o governo de Portugal mude de posição - ou para que Portugal mude de governo". A "pressão dentro" é divertida. A "pressão fora" é de ir às lágrimas: o aglomerado pretende, se calhar em prol da soberania nacional, convidar à invasão de forças estrangeiras? A terminar, todo um programa de esperança e galhofa: "Caros concidadãos gregos: aguentem firmes, que vêm reforços a caminho."
Não estou a inventar. Aliás, isto não sairia tão bem se fosse inventado, ou encomendado a uma criança de 8 anos. Às vezes, queixamo-nos de que por cá não se faz humor - para quê, se o humor já nasce feito?

Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"

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