sábado, 21 de fevereiro de 2015

TAMBÉM TEM PENSAMENTOS MÁGICOS ?

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A superstição é uma atitude mental semelhante à fé religiosa. O supersticioso acredita em fenómenos que não podem ser demonstrados pelo raciocínio. Uma das irmãs Williams bate um número certo de vezes com a bola no piso do court de ténis antes do serviço, pois acredita que isso melhora o desempenho subsequente na jogada. Sabe—seguramente—que tal não tem fundamento, mas fá-lo, mesmo que a prática mostre não interessar nada. É o que se chama genericamente pensamento mágico.
O pensamento mágico é irracional, o que se diz sem ofender quem tem fé religiosa. Faz parte da natureza humana ter pensamentos mágicos, sejam conscientes, subconscientes, ou inconscientes. Niels Bohr, Prémio Nobel da Física, tinha uma ferradura na porta da casa de campo e, quando lhe perguntaram se acreditava que dava sorte, respondeu que não; mas, de qualquer maneira, acrescentou, não era preciso acreditar para ela dar sorte.
O pensamento mágico é um viés que se antecipa na actividade psíquica ao raciocínio. Um estudo feito com investigadores do Massachusetts Institute of Technology, em que se lhes faziam perguntas para responder imediatamente, mostrou que tinham elevados níveis de vieses mentais, não obstante a excelente formação científica. Quase todos confirmaram, por exemplo, que as árvores produzem oxigénio para os animais respirarem, antes de se aperceberem que o facto das árvores produzirem oxigénio é que permite aos animais respirarem. O pensamento mágico funciona assim e domina a mente humana.
Noutro estudo, foi pedido a ateus "militantes" que lessem em voz alta frases a pedir a Deus para fazer coisas terríveis—como matar-lhes os pais—ao mesmo que a secreção de suor era avaliada. A maioria transpirava bastante, não obstante acreditarem que os pedidos não tinham efeito.
O pensamento mágico—ou a crença religiosa subconsciente—exacerba-se quando as circunstâncias evocam a mortalidade do homem, facto expresso no dito anglo-saxónico there are no atheists in foxholes, o mesmo que "nas trincheiras não há ateus".
A prosa já vai longa e não quero torturar leitores; mas aconselho quem o possa fazer a ler sobre isto no site "The Atlantic".
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