segunda-feira, 30 de março de 2015

QUEM NADA NÃO SE AFOGA

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O conceito de nada refere-se a quê? Esta, ou formas semelhantes, é uma pergunta que se encontra com frequência em textos de Cosmologia, Filosofia, Física e por aí fora.
Também já aqui falei disso a respeito do eventual início do universo. Se este não é eterno e infinito, tempos houve em que não havia, ou havia outra forma. No Génesis lê-se: "No princípio Deus criou o céu e a terra; e a terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus movia-se sobre a face das águas". Para mim não fica claro se, teologicamente, houve o nada. Não consigo perceber se antes do Génesis havia uma forma diferente.
Para Macbeth, nada era apenas o que não é; os dicionários ficam-se por vaguidades como "nada é uma coisa que não existe"; Parmenides achava impossível falar do que não existe porque viola o próprio princípio do que é; e o povão acha que nada é melhor que um bom copo de três e nada é pior que uma pedra no sapato. Portanto, se há tanta opinião sobre uma coisa, ela devia existir. Contudo, não existe porque é essa a sua natureza—não existir.
Espantosamente, sendo nada um mistério, é também um conceito óbvio e toda a gente sabe o que é e acredita nele. Cuidado, portanto, ao falar dele com gente que o conhece—corre-se o risco de ser tomado por insano! É o que deve acontecer-me quando alguém lê esta prosa. Mas, mesmo assim, pense nisso.
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