quarta-feira, 22 de abril de 2015

PÉ ATRÁS

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Uma das coisas traiçoeiras na vida moderna é a Internet, onde cada um pode escrever o que lhe dá na real gana, deturpando, plagiando, aldrabando e asneando. O problema é que pouca gente tem noção disto e é vulgar tomar por boas algumas trampas que circulam na rede, especialmente em emailsCair no logro é fácil e já me aconteceu, apesar de ter o cuidado de procurar confirmar os factos dentro das possibilidades ao alcance de um modesto mortal.
Lembrei-me disto porque recebi hoje um emailpela enésima vezcom uma citação de Marcello Caetano que é "martelada". Para começar, transcrevo a dita citação—não apócrifa—tirada do livro "Marcello Caetano—Confindências no Exílio", de Joaquim Veríssimo Serrão. Reza assim: 


Sem o Ultramar, estamos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava em vésperas de se transformar numa pequena Suíça, a revolução foi o princípio do fim. Restam-nos o sol, o turismo, a pobreza crónica e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem. As matérias-primas vamos agora adquiri-las às potências que delas se apossaram, ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar. Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade.

Na versão que circula na Net, tudo que se segue ao início da frase " Restam-nos o sol, o turismo..." é apócrifo. Cuidado portanto com os "bitaites" da rede, especialmente quando citam políticos, escritores, e outra gente importante: pé atrás, como a imagem do Senhor dos Passos.
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(Com colaboração de Eduardo Corvo)
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