quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O MULTIVERSO E BRUNO DE CARVALHO

.

Há alguma cópia de si, caro  leitor deste texto? Uma pessoa que não é você, que vive noutro  planeta chamado Terra, com montanhas, campos férteis e cidades em crescimento, num Sistema Solar com oito planetas? Com uma vida idêntica à sua?
A ideia de tal personagem parece estranha e implausível, mas temos de viver com ela porque é suportada por observações astronómicas. O mais simples modelo cosmológico actual prevê que o leitor tem um gémeo verdadeiro numa galáxia a 1028 metros de distância, valor tão grande que está para além da Astronomia; mas que não faz o seu duplo menos real. 
A estimativa decorre do facto de haver número infinito de planetas habitados, com gente como nós e seres exactamente iguais a si. Provavelmente, nunca verá os seus iguais literalmente porque a maior distância a que conseguimos "enxergar" é a percorrida pela luz desde  o Big-Bang há 14 mil milhões de anos ou seja, 4X1026 metros.
O universo dos seus "sósias" faz parte de universos paralelos, sendo cada um deles fracção da entidade a que chamaremos multiverso. A noção de multiverso é do domínio da Metafísica, uma vez que a linha separadora  entre a Física e Metafísica é a possibilidade de testar a veracidade das teorias e, até agora, tal não foi possível; o que não quer dizer que não venha a ser. A esfericidade da Terra, os campos magnéticos invisíveis, a curvatura do espaço, ou os buracos negros também já pertenceram ao foro da Metafísica. 
Pôr em causa a infinidade do espaço levanta grandes problemas teóricos. Por exemplo, onde acaba o espaço? Existe um local onde está escrito "Fim do Espaço" "Cuidado com o degrau"? Não creio. Consequentemente, até prova em contrário, existem muitos universos, múltiplos Portugais e um número infinito de Brunos de Carvalho! 
..








[Adaptado de um texto de Max Tegmark, intitulado "Parallel Universes" , publicado no livro "Seeking the Multiverse" (Scientific  American")].
.

Sem comentários:

Enviar um comentário