domingo, 21 de maio de 2017

A QUADRATURA DA BOLA

,

David Deutsch é físico, professor na Universidade de Oxford e autor de um ensaio publicado no AEON Magazine com o título "Creative Blocks". É uma peça de difícil leitura para quem não é especialista em Física, como é o meu caso e, provavelmente, daqueles poucos que me lêem. Mas começa muito bem, antes de entrar em pormenores científicos e, só esse início, já dá que pensar. Diz assim:

É incontroverso que o cérebro humano tem capacidades que são, nalguns aspectos, superiores às de qualquer outro objecto existente no mundo. É o único capaz de perceber que o cosmo existe, ou porque há um número infinito de números primos, que as maçãs caem devido à curvatura do espaço/tempo, que obedecer aos instintos naturais pode ser moralmente errado, ou até de que ele — cérebro — existe. Em termos físicos, é a única geringonça capaz de ir ao espaço e voltar sã e salva, de prever o impacto de um meteorito na casa onde mora, de arrefecer objectos até temperaturas de apenas milionésimos de grau acima do zero absoluto, ou de procurar seres semelhantes a distâncias galácticas.
Mas, a verdade é que, no meio de tanta inteligência,  nenhum cérebro humano é capaz de perceber como é que o cérebro humano é capaz de fazer tais coisas. Toda a tentativa de conseguir o mesmo artificialmente — a ‘artificial general intelligence’, ou AGI —, ao longo de 60 anos de existência, pariu um rato; ou melhor, um ratinho!
Porquê? Porque como disse um sábio (Mark Twain?), ‘it ain’t what we don’t know that causes trouble, it’s what we know for sure that just ain’t so’, o que traduzido livremente, é qualquer coisa como "não é o que não sabemos que nos atrapalha, é o que julgamos saber estando errados. E, esta coisa do nosso encéfalo tentar perceber como ele próprio funciona, é tão complicado como a quadratura da bola que só Jorge Jeus sabe fazer mas não tem tempo para tais "parmenores".

Se se interessa por estas coisas, pode ler o ensaio original; mas não é fácil — experimente aqui.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário