quinta-feira, 25 de maio de 2017

PARTENOGÉNESE, ANDROGÉNESE E O BORDALO NÃO PINHEIRO

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Investigadores portugueses publicaram ontem, na revista "Royal Society Open Science", a descoberta dum peixe, habitante do rio Ocreza, capaz de se reproduzir sozinho, sem interferência da fêmea. A reprodução de fêmeas sem participação de macho é conhecida e chama-se partenogénese. Tive mesmo um professor na Faculdade, muito devoto, que dizia ter sido a gravidez de Maria, mãe de Jesus Cristo, um caso de partenogénese. Mas a reprodução de macho sem participação de fêmea, chamada androgénese, só tem sido observada em invertebrados.
Porém, no rio Ocreza estava guardada a surpresa (rima e é verdade, como sempre) — um Squalius alburnoides (Bordalo) filho tinha exactamente o mesmo genoma do pai e, de fêmea, nem raspas; isto é, era um clone do pai.
Não tarda, surge a viabilidade de produzir artificialmente a androgénese no homem e vai ser uma trapalhada — não técnica, mas ética. Cada vez que a ciência avança, o complexo ética/religião/costumes ataca. Habitualmente, depois de muita refrega, as coisas acalmam e acaba tudo bem, como a história da Albânia a que me referi atrás (nos blogs é ao contrário: as histórias são escritas de baixo para cima e lidas de cima para baixo).
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