segunda-feira, 21 de agosto de 2017

OS ZELOTAS DO POLITICAMENTE CORRECTO

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[...] Em abono do rigor, o totalitarismo já prospera, obrigadinho. Nos EUA e aqui, criaturas radicalmente desprovidas de utilidade teimam em vigiar a linguagem e decretar os limites do “admissível”. E, cá como lá, a sanha persecutória é menos consequente nos supremacistas brancos do que nos vermelhos. Ninguém se incomoda com insultos a europeus ou a cristãos. Porém, dia após dia, surge um “escândalo” alusivo ao que X disse da maravilhosa “cultura” cigana, ou ao que Y disse da “comunidade LGBTQRONVS§#™‰*$”, ou ao que Z pensou em dizer do prodigioso governo que nos ilumina. É estranho um mundo onde os beatos do Bloco ou a namorada do ex-presidiário Sócrates se sentem habilitados a julgar – e se esgadanham para castigar – as opiniões alheias. Ou, dado que a deturpação é abundante, a amálgama de mentiras em que transformam as opiniões alheias.
Para os distraídos, estamos a falar de gente com credibilidade idêntica à de um astrólogo (com ofensa aos astrólogos). São anti-fascistas que professam o comunismo ou participam com zelo num regime influenciado por comunistas. São feministas que se borrifam para a humilhação das mulheres ciganas. São democratas que aplaudem o regime venezuelano. São lobistas “gay” que se apaixonam pela Palestina. São ecuménicos que abominam as religiões ocidentais. São opositores do racismo que compreendem os racistas do islão. São indignados com a xenofobia que insultam os espanhóis e os alemães e os ingleses que nos visitam e sustentam a nossa reles economia. Ainda assim, procurar calar essa gente seria imitar-lhe os princípios. O que interessa é recusar que, à conta da intimidação, essa gente nos cale a nós. [...]

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Alberto Gonçalves in "Observador"
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